Resenhas  |  11.05.2017

Resenha: Poemas Escolhidos – Emily Dickinson

Sempre quis ler a obra poética de Emily Dickinson, mas é bem difícil encontrar edições brasileiras com poemas traduzidos da autora norte-americana. Porém, uma amiga que faz pós-graduação comigo (obrigada, Amanda ❤) me emprestou essa edição bilíngue da L&PM Pocket, com mais de 100 poemas da autora.

O livro é bem curtinho, com apenas 123 páginas, e os poemas de Emily são bem diferentes de tudo que já li. O que eu gostei dessa edição é que, por ser bilíngue, é possível conferir cada detalhe da tradução de Ivo Bender.

Resenha: Poemas Escolhidos - Emily Dickinson
FOTO: Isabela Zamboni | Resenhas à la Carte

Eu não leio tanta poesia – confesso que não acho uma leitura fácil, preciso de muita concentração – mas o estilo da autora me conquistou.

Emily Dickinson é considerada um dos grandes nomes da lírica norte-americana do século XIX, assim como Walt Whitman, que escreveu Folhas de Relva.

E o mais triste é que a autora não foi reconhecida em vida: somente depois de sua morte (e muitos anos depois) foi considerada uma grande poetisa, quando sua irmã encontrou mais de 1700 poemas de Emily que estavam escondidos.

À noite, como deve sentir-se solitário o vento
Quando todos apagam a luz
E quem possui um abrigo
Fecha a janela e vai dormir.

Ao meio-dia, como deve sentir-se imponente o vento
Ao pisar em incorpórea música,
Corrigindo erros do firmamento
E limpando a cena.

Pela manhã, como deve sentir-se poderoso o vento
Ao se deter em mil auroras,
Desposando cada uma, rejeitando todas
E voando para seu esguio templo, depois. (p.39)

Os poemas de Dickinson parecem confusos à primeira vista, mas depois de ler mais a respeito da autora, é quase como se conseguíssemos visualizar seus pensamentos.

Os poemas muitas vezes são leves, refletindo a respeito da natureza, as pequenas coisas do dia a dia, a fluidez do tempo; porém, em outros, Emily mostra seu ponto de vista sobre a morte, tensões psicológicas e, sobretudo, a finitude da vida. 

São poemas que não se encaixam em uma categoria específica: por muito tempo, especialistas tentaram classificar sua obra, mas ela é muito complexa para ser definida em apenas uma categoria.

Resenha: Poemas Escolhidos - Emily Dickinson
FOTO: Isabela Zamboni | Resenhas à la Carte

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Resenha: Poemas Escolhidos - Emily Dickinson

Ela também utiliza uma linguagem sensível e distante de regras da poesia (quando falamos em métrica e rima). Muitos a consideraram uma poeta ruim, com pouco domínio sobre as palavras, mas na verdade ela tentava romper com os padrões e, com um formato livre, expelir suas angústias, principalmente em relação a se “sentir presa” em sua própria vida.

O “eu”, por trás de nós oculto,
É muito mais assustador,
É um assassino escondido em nosso quarto,
Dentre os horrores, é o menor. (p.57)

Emily Dickinson é uma escritora importante e que deve ser lida e relida diversas vezes, da mesma forma que Katherine Mansfield ou Clarice Lispector. Se você gosta de poesia, fica a sugestão! :)

Nota: 

*Última atualização em 14 de março de 2024

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