*Atualizado em 18 de março de 2024
O livro A Sangue Frio, de Truman Capote, já foi um dos meus top 5 livros favoritos da vida. Quando entrei na faculdade de Comunicação Social, em 2009, foi uma das primeiras obras de jornalismo literário que tive a oportunidade de ler.
Me apaixonei logo de cara: uma obra que envolve jornalismo e literatura, com uma narrativa envolvente e tão bem escrita? Não tinha dúvidas de que esse seria um dos melhores livros que já li na vida.
Agora, em 2017, depois de ler muitas outras obras, continuo afirmando que esse livro é sensacional, em diversos aspectos. A releitura não foi ruim, pelo contrário, só afirmou o status de obra memorável. Acredito que A Sangue Frio é um daqueles livros para reler a vida toda.
Mas, sem mais delongas, vamos à resenha: A Sangue Frio é uma reportagem investigativa sobre o assassinato de quatro membros da família Clutter: o casal e seus dois filhos caçulas. A chacina ocorreu em 1959, na cidade de Holcomb, no Kansas, Estados Unidos, e chocou a sociedade da época.
O autor demorou seis anos para escrever o livro e entrevistou praticamente todos os habitantes da cidade e os envolvidos com os Clutter. Capote, inclusive, entrevistou os assassinos, mostrando o ponto de vista até mesmo dos vilões da história.
A narrativa é muito interessante, porque começa revelando, aos poucos, as características dos membros da família: o pai, um homem sisudo, religioso, corretíssimo; a mãe, uma mulher depressiva que tentava viver um dia de cada vez, mas sempre sentindo-se sufocada; uma jovem garota admirada por todos por suas incríveis capacidades e energia inesgotável; e um adolescente retraído, um tanto fora do “comum”. Até mesmo o cachorro amedrontado faz parte da história. Sentimos que fazemos parte do cotidiano dessa família, que prosperava e tinha um futuro incrível pela frente.
Além de conhecermos um pouco mais sobre a história dos Clutter, também acompanhamos Perry e Dick, os assassinos, e suas respectivas histórias de vida. O que me impressiona na escrita de Capote é como ele usa o jornalismo de uma forma magistral: sempre mostrando certa empatia por todos, como se a tragédia não fosse apenas um fato isolado, mas dependente de um determinado contexto. Após muitas pesquisas e entrevistas, o autor conseguiu criar uma narração que mescla perfeitamente a investigação jornalística com a literatura.
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As descrições presentes na obra são de um escritor que tem total controle sobre o que está fazendo: os detalhes montam o clima ideal para contar uma história tão triste, mas que fez parte da nossa realidade.
Claro que, por tratar-se de uma obra que mescla a realidade com a ficção, nem todos os pormenores devem ser levados ao pé da letra. Há uma romantização de alguns fatos, mesmo porque trata-se de um trabalho extenso de entrevistas, oferecendo múltiplas perspectivas sobre o mesmo acontecimento.
Durante a leitura, senti um ar melancólico e algumas partes dão até vontade de chorar; o modo como Capote traça o rumo dessa tragédia é, ao mesmo tempo, sensível e brutal.
Então, se você ainda não conhece nenhuma obra do jornalismo literário, ou até mesmo os livros do autor, A Sangue Frio é um daqueles livros que não dá vontade de largar. Comece agora!
Nota:
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Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos
Comprei o meu e estou doida pra chegar! Creio que amarei a leitura!
Vai amar sim Bruna, é excelente!
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