*Atualizado em 12 de março de 2024
A Metamorfose é daqueles livros que precisamos ler várias vezes. Eu já li duas, mas ainda assim, sempre fico com vários questionamentos na cabeça.
A mais célebre novela de Franz Kafka é uma das mais importantes da literatura universal e, sendo assim, fica bem mais difícil resenhá-la com todas as nuances necessárias.
O livro conta a história de Gregor Samsa – um caixeiro viajante que transforma-se em um inseto nojento. A narrativa já começa com a transformação do personagem, deixando todo o contexto para depois. A frase que inicia o livro já é clássica: “Certa manhã, ao despertar de sonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso”.
A partir disso, a história é narrada com um realismo inesperado que associa o inverossímil e o senso de humor a tudo o que é grotesco, trágico e cruel na condição humana.*
Gregor era quem sustentava a família financeiramente, sendo o único que trabalhava. Não gostava de seu trabalho, mas o mantinha por causa do pai, da mãe e da irmã. Porém, depois da transformação, Gregor não é mais uma salvação, mas torna-se um problema e uma vergonha para a família.
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É a partir desses conflitos que a narrativa começa a ficar cada vez mais tensa. Não apenas Gregor sofreu a metamorfose, mas toda a sua família. O espaço físico em que habita mudou tragicamente, assim como a rotina dentro de sua casa.
Enquanto Gregor era “útil”, sentia-se amado pelos familiares. Ao transformar-se em um inseto nojento, não era mais necessário e, pelo contrário, só trazia desgosto.
O desespero só cresce durante a leitura: eu ficava cada vez mais perturbada com os eventos que ocorriam naquela casa. Mais que um livro, A Metamorfose é como um retrato do ser humano. A obra de Kafka cutuca a ferida, com temas como a solidão, conformismo, inadequação, vergonha e, principalmente, a humilhação de um personagem que aceita passivamente a sua transformação em algo que não gostaria de ser.
A tentativa frustante da família de Gregor em se adaptar à sua mudança é de gerar desgosto. Sem contar a tensão que só aumenta! Kafka buscava retratar a hipocrisia dos homens e da sociedade da época, mas não muda muito em relação aos dias de hoje.
Outra coisa que mexeu muito comigo durante a leitura foi a descrição das dores – tanto físicas quanto psicológicas – retratada por Kafka. Gregor sofre dentro daquela carapaça, sente dor, fica confuso, sufocado; é desesperador! Parece que sentimos a tortura e a tristeza do personagem, além de odiar cada vez mais sua família asquerosa. A Metamorfose é pura angústia!
Se você ainda não leu, leia! São poucas páginas, mas que mexem com nossos sentimentos.
Nota:
Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos
Não posso dizer que é o tipo de leitura que desperte bons sentimentos. Ele consegue fazer algo ruim se tornar ainda pior. Mas apesar de ser uma estória com final frustrante para o personagem, ela consegue prender a atenção do leitor ao ficar esperançoso de ver uma reviravolta em todo aquele infortúnio. Talvez aí esteja a genialidade do escritor.
Sim, com certeza! Prende a leitura do começo ao fim 🙂
Não posso dizer que é o tipo de leitura que desperte bons sentimentos. Ele consegue fazer algo ruim se tornar ainda pior. Mas apesar de ser uma estória com final frustrante para o personagem, ela consegue prender a atenção do leitor ao ficar esperançoso de ver uma reviravolta em todo aquele infortúnio. Talvez aí esteja a genialidade do escritor.
Sim, com certeza! Prende a leitura do começo ao fim 🙂