Resenhas  |  24.01.2019

Resenha: Maria Stuart – Stefan Zweig

*Atualizado em 18 de março de 2024

Maria Stuart sempre foi uma personalidade histórica muito comentada, principalmente no Reino Unido. Nunca entendi muito bem o porquê de tantas obras dedicadas a ela, então resolvi ler sua biografia. E posso afirmar que é uma história de vida muito incrível! Não fazia ideia e me fisgou completamente.

Resenha: Maria Stuart - Stefan Zweig
Foto: Isabela Zamboni/Resenhas à la Carte

Também não conhecia o autor Stefan Zweig, mas o jeito que ele embala a narrativa, faz de qualquer biografia mais do que apenas uma leitura prazerosa. É como estudar a História de uma maneira bem mais apaixonante! Veja a sinopse:

Maria Stuart é uma obra biográfica da autoria do escritor Stefan Zweig sobre a rainha da Escócia (1542-1587), também rainha consorte de França entre 1559-60 e pretendente ao trono inglês, enquanto descendente de Henrique VII. Condenada por traição e presa durante 22 anos por ordem de sua prima Elizabeth I, rainha de Inglaterra, Maria Stuart ascendeu ao trono ainda criança e viveu uma vida repleta de intrigas políticas, romances destrutivos e diferenças irreconciliáveis. Nesta edição com tradução de Lya Luft, Zweig traça um perfil psicológico da protagonista, transformando essa biografia em uma espécie de thriller, e apresenta Maria como uma mulher forte e determinada para sua época, que criou seu próprio destino.

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Resenha: Maria Stuart - Stefan Zweig

Desde a infância, Maria Stuart teve uma vida conturbada. Foi nomeada rainha da Escócia com poucos meses de vida e, alguns dias após seu nascimento, já estava sendo disputada para ser pedida em casamento. Lembrando que naquela época (1542) casamento era apenas sobre alianças, bem distante do ideal romântico que temos hoje.

A Escócia era um país rural, com brigas entre clãs, pouquíssimos avanços; em comparação à França e Inglaterra, era uma nação desprezada. No entanto, tinha bravos guerreiros e muitos homens que se dedicavam à guerra, causando o interesse de grandes países europeus vizinhos.

Portanto, o casamento de Maria Stuart com algum príncipe importante a faria rainha duplamente, que foi exatamente o que aconteceu durante sua juventude, quando reinou na França por um breve período.

Maria sempre foi muito inteligente e bonita, aprendendo diferentes línguas, dedicada às artes e com uma educação de primeira. Nunca se sentiu escocesa, mas sim uma francesinha. Rodeada de poetas, ela mesma escrevia versos apaixonados e intensos.

No início da juventude, ela é descrita como uma jovem um tanto misteriosa, ninguém conhecia os traços fortes de sua personalidade. Stuart era apenas obediente e esperta, nada mais.

Depois de diversos acontecimentos que a fazem partir da França e voltar para sua terra escocesa, a rainha sofre de saudade e nunca se sente parte do país frio, pobre e camponês do qual carrega a coroa. Sua vontade é ser mais, obter outros reinos, o poder é tudo o que lhe importa. E isso vai trazer grandes problemas com sua prima Elizabeth, rainha da Inglaterra.

O embate entre as duas rainhas é o que vai permear boa parte da vida de Maria Stuart. Ambas têm grandes desavenças políticas e uma rivalidade absurda, mas sempre velada por meio de cartas recheadas de falsidade. Elas não se gostam, apenas se suportam; no entanto, travam batalhas silenciosas e esquemas para alcançar seus próprios objetivos.

Mary (no original) é poeta, sensível, delicada, romântica; acredita que seu papel no mundo é ser servida e admirada, enquanto Elizabeth é uma monarca do povo, que pensa na sua nação acima de seu bem-estar.

Mary é impulsiva, impetuosa e extremamente passional; Elizabeth é mais fria, confusa, tem baixa autoestima e carrega um sentimento forte de inveja de Stuart; essas dualidades e diferenças de personalidades entre as rainhas é o que irá marcar para sempre a História.

Resenha: Maria Stuart - Stefan Zweig
Foto: Isabela Zamboni/Resenhas à la Carte

É incrível ler essa história e pensar que realmente aconteceu. Juro que parece que estou lendo uma ficção bem dramática – estilo shakesperiana – mas é tudo apoiado em fatos! Claro que, por tratar-se de uma biografia baseada em cartas e relatos, além de um pouco de invenção do biógrafo para dar um tom mais empolgante ao livro, muitos dos acontecimentos não são 100% provados.

Porém, só de saber que boa parte realmente aconteceu – e que essas mulheres tão fortes e guerreiras existiram numa época difícil demais para liderar – já é o suficiente para deixar qualquer leitor perplexo.

Além dos problemas entre as duas rainhas, o livro ainda aborda questões como o Calvinismo, a Contrarreforma, o embate entre as Igrejas, os traidores da nobreza e todas as dificuldades que Maria encontrou para governar.

O próprio Stefan Zweig faz comentários ácidos e intensos durante o livro: o biógrafo não cansa de dizer o quanto a vida de Mary foi rodeada de drama, suspense e acontecimentos impressionantes. Quase nenhuma rainha teve tanta repercussão e dramas vividos como esta.

Outro ponto forte desse livro é que as rainhas são descritas não apenas do ponto de vista da Política e da História, de seus reinados, mas como mulheres. Suas inseguranças, amores, paixões, enfim, seus sentimentos mais profundos são escancarados por Zweig. É como se estivéssemos de perto acompanhando tudo o que aconteceu naquela época.

Se você procura uma biografia incrível, essa é a que você precisa ler agora mesmo!

E você, já leu? Conta pra gente!

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