Resenhas  |  18.07.2018

Resenha: Na Praia – Ian McEwan

*Atualizado em 13 de março de 2024

Claro que Ian McEwan não iria decepcionar: desde que comecei a ler os livros do autor, com Enclausurado, não parei mais. E com Na Praia não foi diferente: apesar de não ser um dos melhores (prefiro Reparação), ainda é uma história comovente e um drama de primeira.

Resenha: Na Praia - Ian McEwan
Foto: Isabela Zamboni/Resenhas à la Carte

O livro conta a história de Edward Mayhew e Florence Ponting, ambos virgens, que se instalam num hotel na praia de Chesil, perto do Canal da Mancha, para celebrar a noite de núpcias. O enredo é basicamente esse: durante a noite de núpcias do casal, com sua prosa implacável, McEwan alterna os pontos de vista de Edward e Florence, mostrando seus pensamentos e motivações mais secretas.

Também conhecemos detalhes sobre a vida íntima de cada um e os acontecimentos que os levaram ao casamento.

Na Inglaterra, em 1962, as mudanças que abalariam o mundo em relação ao comportamento sexual e moral ainda estão embrionárias e, portanto, existe sempre um muro entre o casal: o muro da vergonha, do medo, da ansiedade conjugal. Porém, o grande problema – que vai permear toda a história – é que Florence tem problemas sérios de intimidade. Ela sente nojo e asco de apenas beijar – ao contrário de Edward, que sente-se ansioso em manter relações sexuais com a esposa.

“Vivera todos esses anos isolada consigo mesma e, curiosamente, isolada de si mesma, nunca querendo ou ousando olhar para trás.”

Ele é um rapaz recém-formado em história, de origem provinciana; sua mãe tem problemas mentais, e o pai é professor secundário. A noiva é uma violinista promissora, líder de seu próprio quarteto de cordas, filha de um industrial e de uma professora universitária de Oxford. Ambos são apaixonados por seus estudos, têm muitas ambições e acreditam que, juntos, irão ascender e viver uma vida cheia de liberdade.

No entanto, durante todo o clima de tensão que permeia a noite de núpcias, um pequeno gesto e um mal-entendido acaba por transformar a vida dos dois. Apesar de se amarem – dizem isso o tempo todo – muitas vezes somente o amor não é necessário para um casamento feliz.

“É assim que todo o curso de uma vida pode ser desviado – por não se fazer nada.”

O drama dos recém-casados é um romance compacto, intenso e transcende o retrato da época para alcançar outra dimensão: Na Praia é, acima de tudo, uma história sobre a perda da inocência, a transformação e a “expulsão do paraíso”, crucial na vida de todo indivíduo.

Outro fator que chama bastante a atenção é como Ian McEwan esmiúça o amor da protagonista pela música clássica: assim como em A Balada de Adam Henry, o autor demonstra novamente sua paixão pelas peças musicais, transformando o empenho e satisfação de Florence pela música em um belíssimo poema.

Para comprar o livro, é só clicar no link abaixo:

O final é triste, um pouco trágico, mas bastante realista: prepare-se para encontrar melancolia e amargor.

Foi lançado o filme com a Saoirse Ronan no papel de Florence. Veja o trailer de On Chesil Beach:

Nota

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