*Atualizado em 19 de março de 2024
Comecei a ler A Espuma dos Dias despretensiosamente, sem muitas expectativas. Nem imaginava que seria uma leitura tão incrível!
Esse romance de Boris Vian trata de vários temas: amor, doença morte, amizade…
O livro conta a história de seis amigos inseparáveis – Colin, Chick, Nicolas, Chloé, Alise e Isis – que vivem sob uma atmosfera a um só tempo romântica e moderna, onde sonho e fantasia se misturam à realidade.
É uma obra surrealista: logo nas primeiras páginas, causa um grande estranhamento. Porém, no decorrer da história, A Espuma dos Dias não deixa de surpreender.
Boris Vian usa imagens poéticas e surreais para narrar a trajetória desses amigos, que vivem na Paris dos anos 1950, em um ambiente repleto de referências ao jazz e ao existencialismo.
Inclusive, um dos personagens é o próprio Sartre, satirizado com o nome de Jean-Sol Partre. O livro é bastante visual, tanto que a adaptação para o cinema ficou ótima!
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Colin é um jovem muito rico que vive cercado de amigos modernos e movidos ao som de Duke Ellington. Ele se apaixona por Chloé e vive uma intensa história de amor, mas a felicidade do casal começa a decair quando se descobre que ela está com uma doença grave: um nenúfar no pulmão direito. É isso mesmo!
Uma flor de lótus com mais de 1 metro no pulmão não é um elemento que destoa do restante do livro, pois toda a história é contada como se fosse um sonho.
O tratamento adotado por Colin consiste em cercar Chloé de flores: sua angústia ao tentar salvar a esposa acaba deteriorando tudo ao seu redor.
Ao mesmo tempo, Chick, seu grande amigo, se casa com Alise, mas parece mais preocupado com sua fixação pelo filósofo Jean Sol Partre, levando sua mulher à loucura.
A doença de Chloé, que avança gradativamente, contamina o clima da história: o que de início era belo, animado e feliz torna-se melancólico, triste e fúnebre. A leitura traz reflexões sobre a vida e o amor, mesmo que sob uma aparente ingenuidade e simplicidade.
O surrealismo, corrente adotada por Boris Vian, propõe que o inconsciente se sobreponha à realidade. No surrealismo, a lógica e a compreensão não são elementos necessários para o sentir da obra.
Dessa forma, além de retratar o absurdo, a própria narrativa é desconstruída ou inexistente. Esse elemento compõe de forma poética a decadência que se inicia com o casamento e eventual doença de Chloé. Outro fato curioso é que os personagens também envelhecem muitos anos em poucos dias, conforme a angústia se instaura.
Contudo, apesar de todos esses elementos surrealistas presentes na obra, o livro preserva uma narrativa linear. Os elementos oníricos são utilizados como recursos para representar a sociedade parisiense da época, que era fútil, cheia de modismos e bastante acelerada. Estilo Carpe Diem mesmo.
Como já comentei anteriormente, existe uma adaptação cinematográfica incrível para A Espuma dos Dias! Se você ainda não assistiu, corre, porque vale muito a pena! Veja o trailer:
Nota:
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Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos