*Atualizado em 6 de março de 2024
O Diário de Anne Frank foi um livro que me surpreendeu. É um clássico tão comentado e eu nem fazia ideia de que era tão bom. Nunca pensei que o diário de uma menina de 13 anos fosse mexer tanto comigo mas, ao terminar as últimas páginas, fiquei muito tempo pensando na Anne e em tudo o que ela passou.
Em seu diário, escrito entre 1943 e 1945, Anne relata todo o período em que ficou refugiada com sua família e outros judeus em um esconderijo, chamado de Anexo Secreto. Lá, eles dividiam as tarefas de casa, e tentavam sobreviver em “harmonia”, tomando todas as precauções para não serem vistos e delatados para a polícia alemã.
O período do holocausto narrado por uma adolescente que passou dois anos escondida e sem poder sentir o ar puro da manhã, nos faz repensar sobre tudo, desde as reclamações mais banais do dia a dia, até as nossas relações com os familiares e pessoas próximas.
No começo, Anne se mostra uma menina arrogante, ambiciosa e fútil. Senti muita raiva dela no começo do livro, mas pensei que, afinal de contas, era uma adolescente. E, nessa idade, os pensamentos são confusos, a perspectiva da realidade passa longe e o mais importante é tentar provar uma identidade, uma força, principalmente em relação aos amigos. Engoli a chatice de Anne e prossegui com o diário.
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É incrível perceber a diferença do comportamento e das ideias da menina ao longo do livro. Apesar de muitas páginas conterem passagens irrelevantes, em que Anne conta, por exemplo, o que cada um ganhou de Natal ou a comida preferida de cada membro do Anexo, é muito interessante ver como essa adolescente, no começo tão mimada e prepotente, se transforma em uma pessoa tão inteligente e forte, batalhando diariamente contra a fome, a tristeza e a situação de perigo.
Achei Anne uma garota extremamente corajosa, principalmente ao relatar suas dificuldades de relacionamento com a mãe e a irmã. Anne não suportava a mãe e, em inúmeras passagens, diz que parou de se importar com uma mulher que não sabia ser mãe e muito menos lidar com os problemas angustiantes da adolescência.
Como tudo é relatado pelo ponto de vista dela, é difícil analisar como realmente eram as pessoas ao seu redor. Mas podemos sentir que, como sempre, o egoísmo dessas pessoas imperava sobre qualquer outra coisa.
O mais triste mesmo é ler passagens do diário em que Anne sonha com o futuro. Ela planeja virar jornalista, escritora, estuda diversas línguas, diz que pretende voltar para a escola em breve… E a guerra impediu que ela fosse para frente. Sonhos que foram perdidos pelo caminho e uma vida interrompida de maneira tão drástica.
A última carta é, com certeza, a mais bonita e profunda, o que nos deixa ainda mais sensíveis e abalados, já que ela não conseguiu continuar a escrever. O posfácio me fez chorar e pensar em tudo o que aquelas pessoas tiveram que enfrentar durante a Segunda Guerra.
E o mais triste ainda é saber que milhares pelo mundo ainda sofrem com guerras, pobreza, fome, doenças e todo tipo de desgraça. Não dá para ler Anne Frank sem pensar “eu nunca mais vou reclamar na minha vida“.
Nota:
Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos