*Atualizado em 18 de março de 2024
Já havia lido O Estrangeiro, obra de Albert Camus, há alguns anos. É um daqueles livros curtinhos e impactantes, tanto que li numa sentada só!
Eu gostei bastante na época e, ano passado, resolvi comprar a Graphic Novel de Jacques Ferrandez, que foi baseada na história do livro.
Não me decepcionei: além de ser bem fiel à obra de Camus, ainda conta com ilustrações incríveis, dando um novo significado à trama.
A HQ conta a história de Meursault, um homem que comete assassinato e é julgado por esse ato. A ação desenrola-se na Argélia, na época em que ainda era colônia francesa, país onde Camus viveu grande parte da sua vida.
Todos os sentimentos evocados pelo livro estão na HQ: o calor intenso, as atitudes estranhas de Meursalt, uma sequência de acontecimentos grotescos e, principalmente, traços do existencialismo de Sartre. Porém, na época em que a obra original foi lançada, Camus rejeitou essa classificação: para ele, era mais correto afirmar que o romance se insere na teoria do absurdo.
Apesar de muitas discussões apontarem que Meursault vive pelas ideias dos existencialistas, na primeira metade do romance, Meursault é um indivíduo inconsequente e sem objetivos. Suas motivações são apenas as experiências sensoriais: o cortejo fúnebre no velório de sua mãe, nadar na praia, transar com sua suposta namorada, entre outras ações.
A HQ de Ferrandez reforça toda essa discussão de uma forma intensa, com traços bem equilibrados, mas remetendo ao “absurdo” da obra de Camus. Sentimos como se estivéssemos ali, presenciando aqueles personagens desequilibrados e “desencanados” da vida.
Camus apresenta o mundo como essencialmente sem sentido e, dessa forma, a única maneira de chegar a um significado ou propósito é criar um por si mesmo. Assim, é o indivíduo e não o ato que dá significação a um certo contexto. Parece difícil de compreender, mas durante a leitura da graphic novel isso fica bem claro.
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Nota:
É até um pouco sufocante acompanhar essa história: durante a leitura, acontecem coisas tão ilógicas, que parece algo bem distante. Mas O Estrangeiro é uma obra que traz bastante reflexão, principalmente sobre nossas ações e consequências no dia a dia.
Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos