Resenha: Os Sete Maridos de Evelyn Hugo – Taylor Jenkins Reid

Os Sete Maridos de Evelyn Hugo é um dos livros mais comentados e amados dos últimos anos. A fanbase é extensa, a Netflix adquiriu os direitos para fazer um filme, além de estar toda semana na lista de mais vendidos.

O hype é tão grande que resolvi embarcar na leitura, mesmo tendo abandonado outro livro da mesma autora, o Daisy Jones and The Six. Infelizmente não consegui gostar do estilo da narrativa e nem dos personagens, achei tudo extremamente forçado e ligeiramente cafona.

Porém, como o FOMO (Fear of Missing Out) me pegou, decidi encarar Os Sete Maridos de Evelyn Hugo. E não me arrependi. Apesar de não ter virado uma superfã, a narrativa é envolvente, os personagens são bem desenvolvidos e traz alguns temas importantes para discussão. Li tudo em menos de uma semana!

Mas, sem mais delongas, vamos à sinopse:

“Lendária estrela de Hollywood, Evelyn Hugo sempre esteve sob os holofotes ― seja estrelando uma produção vencedora do Oscar, protagonizando algum escândalo ou aparecendo com um novo marido… pela sétima vez. Agora, prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide contar a própria história ― ou sua “verdadeira história” ―, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e até então desconhecida, seja a entrevistadora. Ao embarcar nessa misteriosa empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso ― e que suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas.”

É muito difícil escrever uma resenha sem dar nenhum spoiler. E é justamente essa a graça da leitura, você não sabe muito bem o que esperar. Depois de alguns capítulos já consegui entender a relação de Monique Grant com Evelyn Hugo, mas a grande revelação é somente nas últimas páginas.

Monique é uma jornalista de 35 anos que não tem uma carreira muito incrível, está passando por um divórcio, mas tem grandes ambições profissionais. Ela trabalha em uma revista de moda chamada Vivant e não acredita que sua carreira vá decolar tão cedo.

Porém, um dia, sua chefe lhe diz que a famosa Evelyn Hugo, uma grande estrela de Hollywood, agora já idosa, vai fazer um leilão de vestidos para um evento beneficente e topou fazer uma entrevista, com direito a foto de capa. Entretanto, para que isso aconteça, obrigatoriamente Monique é quem deveria conduzir a entrevista.

Confusa, sem entender o porquê da escolha, Monique aceita o desafio e vai até a casa da estrela de cinema. Lá, ela descobre que o leilão de vestidos não é o motivo pelo qual Evelyn quer ser entrevistada. A verdadeira razão pela qual ela gostaria da presença de Monique é porque deseja contar toda a sua vida e oferecer uma biografia exclusiva à jornalista. Evelyn contaria a história dos seus sete casamentos, sem censura, desde que Monique topasse a empreitada sem muitas perguntas.

Após muitos conflitos internos, Monique aceita a proposta e começa a ouvir e registrar a história da glamourosa atriz, que começou sua carreira nos anos 1950, época áurea do cinema. É aí que o livro começa a ficar interessante.

Os capítulos são divididos pela história de cada marido (afinal, foram 7), em que Evelyn narra a própria vida conforme sua ascensão em Hollywood. De origem cubana, com um corpo escultural, de seios enormes, cabelos loiros e sobrancelhas pretas, Evelyn deixava qualquer pessoa de queixo caído. Entretanto, para conseguir a fama e o sucesso na carreira, precisou ultrapassar muitas barreiras.

Como mulher buscando a fama na década de 50/60, enfrentou muito machismo, misoginia, maus-tratos e violências de todo tipo. Evelyn Hugo é uma mulher forte, convicta e não se deixa abalar, fez tudo o que podia para conseguir chegar no topo. E foi bem-sucedida, indicada a diversos Oscars, conquistou dinheiro e fama. Porém, a grande virada aqui é que, apesar de sete casamentos, Evelyn na verdade só tinha um amor verdadeiro: Celia St. James.

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Celia também era uma atriz promissora, que começou aos 19 anos em papéis importantes, como a personagem Beth, de Mulherzinhas. Fez amizade com Evelyn rapidamente, mas aos poucos essa amizade se transformou numa paixão avassaladora. Entretanto, havia um conflito gigantesco pairando entre as duas: ser homossexual na época era crime. Além disso, Evelyn era bissexual, enquanto Celia era lésbica, o que provocava algumas situações de ciúme extremo entre as duas.

Durante a leitura de Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, portanto, vamos encontrar diversas referências à luta contra homofobia, a dor que ambas precisaram enfrentar para ficarem juntas, os desafetos, enfim, as situações deploráveis que Evelyn e Celia precisaram passar para que a mídia não descobrisse o relacionamento das duas.

Basicamente, é uma história de amor e romance de formação ao mesmo tempo. Enquanto acompanhamos a vida incrível e cheia de acontecimentos marcantes de Evelyn Hugo, em paralelo acompanhamos os conflitos pessoais de Monique. Assim como os fãs de Evelyn e nós leitores, a jornalista também fica impressionada com os relatos da vida da atriz.

O mais interessante é que Evelyn errou bastante também, mas não se arrepende. Ela tenta remendar seus erros do passado, mas mostra que nada do que ela conseguiu foi fácil e sempre havia um motivo por trás de suas atitudes, por piores que fossem. Agora, já prestes a completar 80 anos, ela tenta se redimir e deixar seu legado nas mãos de Monique, nossa narradora.

Algumas coisas me incomodaram no livro, como algumas situações forçadas (alguns casamentos não tinham muito sentido) e que parece ter sido escrito para virar filme/série. Não há nenhum elemento narrativo marcante, nada que destaque o estilo da autora. Os Sete Maridos de Evelyn Hugo é uma boa história, traz uma representatividade importante, mas para por aí.

Então, se você gosta de histórias com um tiquinho de mistério, romance e tem fascínio pelo universo de estrelas de Hollywood, esse livro com certeza vai te enfeitiçar.

NOTA:

*Última atualização em 4 de março de 2024