Resenhas  |  19.06.2015

Resenha: O Lobo do Mar – Jack London

*Atualizado em 11 de março de 2024

Estava louca pra ler O Lobo do Mar, do autor norte-americano Jack London. A edição comentada da Zahar me chamou a atenção e logo já coloquei na lista de “desejados”.

No Natal de 2014 minha irmã me deu de presente e comecei a ler assim que consegui em 2015. No geral, o livro empolga bastante, a leitura é tranquila e os personagens são excelentes. Mas, me senti meio frustrada mais para o final, onde o livro deu uma reviravolta que não me agradou.

Resenha: O Lobo do Mar
Foto: Isabela Zamboni/Resenhas à La Carte

O Lobo do Mar fala sobre muitas temáticas interessantes, principalmente o medo da morte, a importância que cada um dá à própria vida, religião, criacionismo, evolução, darwinismo e etc.

“Há uma quantidade limitada de água, de terra, de ar, mas a vida que está à espera de nascer é ilimitada. A natureza é de uma prodigalidade infinita.”

A história de O Lobo do Mar é bem simples: o náufrago Humphrey van Weyden é resgatado pela escuna Ghost, comandada pelo capitão Wolf Larsen. No entanto, o capitão ao invés de ajudar o náufrago a desembarcar no porto mais próximo, o obriga a trabalhar no navio, onde impõe regras violentas e faz da vida de Weyden um inferno.

O embate e diálogos entre o protagonista e Wolf Larsen são as melhores partes do livro. O conteúdo é riquíssimo e recheado de reflexões. Ao mesmo tempo em que Weyden é um homem literato, civilizado e com concepções de mundo moralistas, Wolf Larsen é a figura do homem primitivo, animalesco. O clima de tensão que paira no ar, assim como a sensação de estar aprisionado e entregue ao destino, faz do livro uma obra instigante.

Porém, a partir da metade, há uma pequena reviravolta na trama: o surgimento de uma nova personagem traz um baque, uma mudança completa de enredo. Senti que o autor parece ter mudado de ideia no meio do caminho, criando uma nova alternativa que não condiz muito com o restante da obra.

O que poderia ter sido uma obra fenomenal, se arrasta da metade em diante, apresentando situações cansativas e que não fazem muito sentido com a proposta inicial. O que antes era incrível e digno de se tornar um clássico da literatura, se perde em um romance pouco convincente.

“O homem é inconstante como os ventos e as correntes marinhas. Nunca se pode adivinhar. Quando a gente julga que já o conhece e que está a impressioná-lo bem, se vira ele contra nós aos berros e nos rasga as velas todas.”

No decorrer do livro, são utilizados inúmeros termos náuticos, mostrando claramente a experiência de London como marinheiro. São tantas palavras complicadas e descrições longas de processos marítimos, que é possível cansar facilmente e acabar pulando essas partes. Confesso que em alguns momentos, enquanto Weyden descrevia os nós que fez, ou comentava sobre o ritmo da escuna, eu nem prestava muita atenção.

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Um ponto interessante é que o protagonista cresce muito como pessoa, passa por uma transformação satisfatória. O que antes era um personagem fraco e debilitado, de repente se torna forte, competente e ávido por viver. As frustrações iniciais o derrubaram mas o deixaram mais maduro para lidar com o monstro que é Wolf Larsen.

Aliás, Wolf Larsen é um personagem incrível, com uma personalidade confusa, doentia e ao mesmo tempo sensível. Por vezes gostamos dele e até acreditamos que ele não é de todo mal; no entanto, quando estamos simpatizando com Larsen, ele volta a tomar atitudes absurdas. É um mix de sentimentos, parece até mesmo um episódio de Game of Thrones! haha

Mas no geral, recomendo a leitura. Inclusive, achei que somente eu não tinha aprovado o final, mas no prefácio do livro (escrito por Joca Reiners Terron), ele conta que na época que o livro foi publicado, a crítica especializada reclamou muito do final. No fim das contas, o autor revelou que alterou o final para que a obra fosse mais comercial, por isso a pitada de romance. Mas, não retira a genialidade de London em O Lobo do Mar.

“Você fala do instinto da imortalidade. Eu falo do instinto da vida, que é viver, e que, quando a morte se figura próxima e iminente, vence o instinto da imortalidade.”

E vocês, já leram? Contem pra gente nos comentários!

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