*Atualizado em 14 de março de 2024
Passeando pelo sebo na minha cidade, encontrei este livro de Tchekhov que nunca tinha ouvido falar. O autor russo é famoso por seus contos e algumas peças de teatro, mas não sabia que havia escrito nenhum romance policial. Como sou fã do gênero, optei por Estranha Confissão e dei início à leitura.
Pesquisando sobre o livro, descobri que é na verdade uma novela, um precursor dos romances policiais de fundo psicológico que conhecemos tão bem com Agatha Christie, por exemplo.
Estranha Confissão foi publicada em folhetins entre 1884 e 1885 e anos depois publicada pelo governo russo. A edição da Planeta é de 2005 e traduzida do espanhol, por ninguém menos do que Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares.
Como sempre, nos gêneros policiais, o livro trata de um assassinato e uma investigação. No entanto, Tchekhov escreve com um estilo único, e provavelmente você nunca leu um romance policial parecido.
Para resumir, a história narra as memórias do juiz de instrução Sérgio Petrovich Zinoviev. As memórias do juiz, logo no início do livro, são entregues a um editor de jornal para que fossem publicadas. A partir de então, conhecemos a história de Sérgio quando seu velho amigo, o conde Alexey Karnieiev, regressa ao distrito após uma viagem.
O conde é um beberrão, adora festas e considera Sérgio um grande amigo, enquanto este o despreza com frequência. No entanto, Sérgio se rende e acaba passando boa parte do seu tempo na companhia do conde, alternando momentos de sobriedade e trabalho com um temperamento ruim de bêbado.
Durante a narrativa, conhecemos vários personagens que vão se entrelaçando e, quase ao final do livro, há um assassinato e o juiz deve descobrir quem cometeu o homicídio.
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Sim, essa explicação da história ficou estranha, porque realmente não consigo resumi-la! Pense numa narrativa envolvente, mas que não deixa você confuso em relação ao assassino e nem tenta distrair seu foco. É óbvio do começo ao fim o que aconteceu com a vítima.
Mas o interessante aqui é a maneira como Tchekhov usa a ironia e o sarcasmo para contar esse relato e, principalmente, criticar a base moral dos personagens e da Rússia conturbada daquela época.
É um livro envolvente: o autor trabalha com precisão o psicológico de cada personagem, mas, no fim das contas, é uma obra esquecível. Nem de longe um trabalho memorável, como os contos do autor e até suas peças de teatro (fiz resenha aqui no blog de As Três Irmãs).
A cada dia me envolvo mais com os escritores russos (o sarcasmo é fenomenal), mas Estranha Confissão não entra para a lista dos favoritos.
Nota:
Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos