*Atualizado em 19 de novembro de 2017
Kazuo Ishiguro, aos 62 anos, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2017. A escolha do autor foi anunciada nesta quinta (5) durante um evento em Estocolmo, na Suécia. Apesar de ser muito prestigiado como escritor, Kazuo não era um dos favoritos ao prêmio: as principais apostas estavam entre o queniano Ngũgĩ wa Thiong’o, o japonês Haruki Murakami e a canadense Margaret Atwood.
O autor receberá o valor de 9 milhões de coroas suecas (por volta de R$ 3,5 milhões) pela sua obra. Kazuo nasceu no Japão, em 1954, e mudou-se para a Inglaterra aos cinco anos de idade, onde vive até hoje. Ele é autor de oito livros – sete romances e um volume de contos. Sua obra já foi traduzida em mais de 28 países e, no Brasil, seus livros são publicados pela Companhia das Letras.
Segundo a Academia Sueca, responsável pelo Nobel, Ishiguro recebeu o prêmio porque “seus romances de grande força emocional revelaram o abismo sob nossa sensação ilusória de conexão com o mundo”. Uau! A secretária-permanente da Academia Sueca, Sara Danius, disse que o autor retrata em seus livros temas como “memória, passagem do tempo e autoilusão”.
Ishiguro foi ainda comparado a grandes autores da literatura universal, como Jane Austen e Franz Kafka.”Ele é um pouco como uma mistura de Jane Austen, comédia de costumes e Franz Kafka. Se você misturar isso um pouco, não muito, você tem a essência de Ishiguro”, destacou a secretária da Academia, que citou ainda Marcel Proust!
Aliás, você já assistiu ao filme Não me Abandone Jamais, com a Keira Knightley, Carey Mulligan e Andrew Garfield? É a adaptação de um dos principais livros de Kazuo Ishiguro. Quer conhecer mais sobre as obras do autor? Então dá só uma olhada:
Conheça as obras de Kazuo Ishiguro
ROMANCES
- “Uma Pálida Visão dos Montes” (1982)
Uma pálida visão dos montes é o primeiro romance de Kazuo Ishiguro e conta a vida de uma sobrevivente da tragédia nuclear de Nagasaki. No exílio inglês, a velha Etsuko, viúva duas vezes, agora em companhia da única filha que lhe resta após o suicídio da outra, revê a terra natal no pós-guerra e medita sobre tudo o que significou a hecatombe para o ser solitário a que ela hoje se resume.
- “An Artist of the Floating World” (1986)
Ambientado no Japão pós-Segunda Guerra Mundial, o livro é narrado por Masuji Ono, um pintor que está envelhecendo, que olha para trás e relembra sua vida. Ele percebe como sua reputação, uma vez grande, mudou desde a guerra e como as atitudes em relação a ele e suas pinturas se transformaram. O principal conflito trata da necessidade de Ono de aceitar a responsabilidade por suas ações passadas. O romance também retrata o papel das pessoas em um ambiente de rápida mudança.
- “Vestígios do Dia” (1989)
O mordomo Stevens, já próximo da velhice, rememora as três décadas dedicadas à casa de um distinto nobre britânico, lord Darlington, hoje ocupada por um milionário norte-americano. Por insistência do novo patrão, Stevens sai de férias em viagem pelo interior da Inglaterra. O mordomo vai ao encontro de miss Kenton, antiga companheira de trabalho, hoje mrs. Benn. No caminho, recorda passagens da vida de lord Darlington e reflete sobre o papel dos mordomos na história britânica. Num estilo contido, o narrador-protagonista acaba por revelar aspectos sombrios da trajetória política do ex-patrão, simpatizante do nazismo, ao mesmo tempo que deixa escapar sentimentos pessoais em relação a miss Kenton, reprimidos durante anos.
- “The Unconsoled” (1995)
O romance se passa em um período de três dias. Trata-se de Ryder, um famoso pianista que chega em uma cidade central europeia para realizar um concerto. Ele está enredado em uma rede de compromissos e promessas que não consegue lembrar, lutando para cumprir seus compromissos antes do desempenho de quinta-feira, frustrado com sua incapacidade de assumir o controle.
- “Quando Éramos Órfãos” (2000)
Neste romance sutil e envolvente, o detetive Christopher Banks retorna a Xangai, sua terra natal, onde seus pais desapareceram misteriosamente há vinte anos. A cidade agora é palco da guerra entre China e Japão, e a busca de Banks por seus pais passa a confundir-se com a busca pela ordem num mundo órfão, vitimado pela sombra.
- “Não me Abandone Jamais” (2005)
Kathy H. tem 31 anos e está prestes a encerrar sua carreira de cuidadora. Enquanto isso, ela relembra o tempo que passou em Hailsham, um internato inglês que dá grande ênfase às atividades artísticas e conta, entre várias outras amenidades, com bosques, um lago povoado de marrecos, uma horta e gramados impecavelmente aparados. No entanto, esse internato idílico esconde uma terrível verdade. ‘Não me abandone jamais’ reflete, através da ficção científica, a questão da existência humana.
- “O Gigante Enterrado” (2015)
Uma terra marcada por guerras recentes e amaldiçoada por uma misteriosa névoa do esquecimento. Uma população desnorteada diante de ameaças múltiplas. Um casal que parte numa jornada em busca do filho e no caminho terá seu amor posto à prova – será nosso sentimento forte o bastante quando já não há reminiscências da história que nos une? Épico arturiano, Kazuo Ishiguro envereda pela fantasia e se aproxima do universo de George R. R. Martin e Tolkien, comprovando a capacidade do autor de se reinventar a cada obra. Entre a aventura fantástica e o lirismo, “O gigante enterrado” fala de alguns dos temas mais caros à humanidade: o amor, a guerra e a memória.
CONTOS
Nesta reunião de cinco narrativas, Kazuo Ishiguro deixa de lado a solenidade distendida dos romances para dedicar-se à concisão, à leveza e ao humor concentrado do gênero curto. Noturnos traz contos sobre instrumentistas e amantes da música, de diversas partes do mundo.
Sinopses: Skoob
Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos