*Atualizado em 12 de março de 2024
Sou apaixonada pelos livros de Gabriel García Márquez, mas confesso que não conhecia Crônica de Uma Morte Anunciada. Uma amiga me sugeriu a leitura e, mais uma vez, o autor me surpreendeu, principalmente pela frase inicial:
No dia em que o matariam, Santiago Nasar levantou-se às 5h30 da manhã para esperar o navio em que chegava o bispo.
Então, se já sabemos logo na primeira página que Santiago iria morrer, qual seria o atrativo primordial dessa história? Aí é que surge a genialidade do autor: por mais que a morte não seja o mistério principal, a narrativa é baseada em relatos e memórias dos moradores de Riohacha, anos depois, que vão sendo reconstituídos pelo narrador, como uma matéria jornalística. Gabriel García Márquez também era jornalista, e usou desse recurso para construir a trama de Crônica de Uma Morte Anunciada.
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Como se fosse um quebra-cabeça, não sabemos a princípio por que Santiago foi morto, quem o matou e o que levou a cidade inteira a se envolver com o crime. No romance, quase todos os habitantes do lugarejo onde vive Santiago ficam sabendo do homicídio premeditado algumas horas antes, mas não fazem nada para proteger a vítima ou impedir o assassinato.
O grande motivo da morte de Santiago é Angela Vicario, que casa com Bayardo San Román, um forasteiro que exibe arrogantemente o seu poder econômico, e é devolvida logo após a noite de núpcias, depois de o noivo constatar que Angela já não é virgem.
Porém, pressionada pela família, a jovem diz que Santiago Nasar é o autor da ‘desonra’. A partir disso, Pablo e Pedro Vicario, irmãos de Angela, vão atrás de Nasar para pagar sua dívida com a morte.
O livro traz aquele tom fantástico de García Márquez, quase como se uma história tão pavorosa fosse uma fábula. A quantidade de coincidências que acontecem para culminar na morte de Santiago traz à tona a reflexão de que “a fatalidade torna-nos invisíveis”.
A morte de Santiago Nasar é descrita de forma tão pavorosa – ele segura suas tripas após ser esfaqueado – que o cheiro do moribundo impregna-se nas narinas de quem teve alguma relação com sua morte, acentuando os resquícios de culpa dos envolvidos.
Crônica de Uma Morte Anunciada é uma leitura rápida, envolvente e carrega vários simbolismos. Não vou entrar em muitos detalhes sobre a história, senão perde a graça. Porém, se você gosta desse estilo de literatura, recomendo bastante!
Nota:
Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos