Resenhas  |  16.03.2018

Resenha: O Amante de Lady Chatterley – D.H. Lawrence

*Atualizado em 7 de março de 2024

O Amante de Lady Chatterley foi um achado incrível de sebo. Quando vi essa edição novinha na prateleira, vibrei de alegria! Eu já tinha ouvido falar sobre o livro, mas não sabia exatamente do que se tratava. E confesso que gostei bastante! Conforme a leitura avança, o choque aumenta e eu vou explicar o porquê.

Resenha: O Amante de Lady Chatterley - D.H. Lawrence
Foto: Isabela Zamboni | Resenhas à la Carte

Antes, vou fazer um pequeno contexto da obra de D.H. Lawrence: O Amante de Lady Chatterley gerou polêmica quando foi escrito – 1928 – e chegou a ser censurado por vários anos. Até 1960, não havia sido publicado no Reino Unido, por exemplo.

A publicação do livro causou um escândalo devido a cenas explícitas de sexo. Imagine ler uma obra literária com cenas tão vívidas de sexo e prazer feminino – sem contar a traição – em plena década de 20? Lawrence fez alterações significativas no manuscrito original a fim de torná-lo mais aceitável aos leitores. Por fim, foi publicado em três versões diferentes.

Para comprar o livro, é só clicar no link abaixo:

Mas afinal, é tão explícito assim? Pois é, eu também achei no começo que fosse exagero, mas é realmente BASTANTE visual. São muitas cenas eróticas, com citações até mesmo aos órgãos sexuais: espere descrições detalhadas de pênis e vagina. Claro que atualmente isso não é nada, mas ainda assim, poucos autores têm coragem de escrever abertamente sobre o assunto. E ainda misturar isso com uma linguagem rebuscada ao mesmo tempo em que faz  várias críticas ao sistema socioeconômico da Inglaterra? Bem diferente, concorda?

A sinopse de O Amante de Lady Chatterley é a seguinte:

“Poucos meses depois de seu casamento, Constance Chatterley, uma garota criada numa família burguesa e liberal, vê seu marido partir rumo à guerra. O homem que ela recebe de volta está paralisado da cintura para baixo, e eles se recolhem na vasta propriedade rural dos Chatterley. Inteiramente devotado à sua carreira literária e depois aos negócios da família, Clifford vai aos poucos se distanciando da mulher. Isolada, Constance encontra companhia no guarda-caças Oliver Mellors, um ex-soldado que resolveu viver no isolamento após sucessivos fracassos amorosos.”

Apesar de ter sido considerado um livro obsceno, a obra de D.H. Lawrence carrega uma força literária, capaz de apresentar de forma riquíssima a transição da sociedade da época. Uma das partes mais interessantes do livro é o embate de Constance, uma mulher liberal e oriunda de uma família burguesa, que estava em ascensão social, com o marido Clifford, 100% conservador e tradicionalista. As discussões entre o casal são espetaculares e não dá vontade de parar de ler nem por um segundo.

As passagens intensas de paixão e sexo entre Constance – uma mulher casada e muito abastada – com Oliver, um guarda-caças humilde e com um temperamento pra lá de complicado – também fazem do livro algo único. É muito interessante ver essa relação entre eles, sempre permeada por uma tristeza profunda. Por mais que pareça um relacionamento certo, é errado e incongruente.

Constance tenta a todo custo esconder esse affair, mas não consegue disfarçar completamente, sempre gerando desconfianças do marido e dos empregados da propriedade.

Resenha: O Amante de Lady Chatterley - D.H. Lawrence
Foto: Isabela Zamboni | Resenhas à la Carte

Outro quesito desesperador nesse livro é sentir a repulsa e o tédio da protagonista. Ela é tratada de forma insuportável pelo marido – que passou por um trágico acidente após a guerra – e ao mesmo tempo sofre com uma melancolia profunda ao ter que ficar praticamente ‘presa’ na propriedade rural. Esse relacionamento sufocante, que se desfaz aos poucos, é descrito pelo autor de forma inigualável. Aguarde muita tensão e raiva ao mesmo tempo.

Quando fui ler mais a respeito da obra, descobri que o autor não fazia muita ideia de como funcionava o prazer feminino. Algumas descrições dele não condizem com a realidade e Lawrence apostou muito mais na imaginação do que em experiências próprias.

Ele também era um homem ligeiramente perturbado, com problemas pessoais, especialmente nos relacionamentos amorosos. Essas informações acerca do livro podem ser encontradas no prefácio da edição da Penguin, escrito por Doris Lessing, vencedora do Nobel da Literatura.

Se você gosta de adaptações, foi lançado um filme para a TV em 2015 baseado no livro O Amante de Lady Chatterley. Como a produção é da BBC, a adaptação ficou excelente! O filme conta com Holliday Grainger e Richard Madden (o Rob Stark de Game of Thrones) nos papéis principais. Confira o trailer:

Além disso, foi lançada na Netflix no finalzinho de 2022 um filme baseado no livro, que leva o mesmo nome. Veja só o trailer de O Amante de Lady Chatterley:

E você, o que achou do livro? Conta pra gente nos comentários!

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7 Comentários “Resenha: O Amante de Lady Chatterley – D.H. Lawrence”
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  1. vitoria      25 mar 2024 // 03H15

    E esse livro é lindo e muito bem construído. Logo após ver o filme na netflix, eu fui na amazon, e consegui comprar na promoção o livro de capa dura. Vem várias ilustrações lindas, pra mim na verdade são verdadeiras obras de artes é realmente uma obra fantástica.

    • Isabela Zamboni      26 mar 2024 // 07H57

      É muito bom mesmo, Vitoria! Eu adoro!

  2. Rafaela Fagundes Arnaldo      18 dez 2022 // 11H59

    Boa tarde td bem?

    Acabei de ver o filme Lady Chatterley’s lover na netflix e fiquei encantada com a trama comprei o livro mas gostaria de saber se ele tem continuação. Porque procurei e não achei nenhuma informação.

    Obrigada

    • Isabela Zamboni      20 dez 2022 // 03H00

      Oi Rafaela! O livro não tem continuação, é uma história única mesmo. Abraços!

  3. marcio "osbourne" silva de almeida      02 ago 2022 // 08H44

    Consegui a 3ª versão, talvez a “mais suja” de todas. Liberdade de expressão a toda prova!!! – marcio “osbourne” silva de almeida – jlle/sc

  4. Maria Luíza      22 jan 2022 // 10H26

    Estou relendo esta obra após 12 anos, é algo q me chamou a atenção foi q a maioria das resenhas aborda somente a questão erótica do livro, mas há a questão trabalhista das minas de carvão da Inglaterra. O marido da Sra. Bolton, a cuidadora de Clifford, morreu num acidente de mina, o pai de Mellors trabalhava nas minas. Connie tem um embate com o marido sobre esta questão industrial e a exploração da mão de obra barata, onde ele responde: “os escravos de Nero eram mt pouco diferentes dos nossos mineiros ou dos operários da Ford.. São as massas, elas são imutáveis. E o q precisamos usar agora é o chicote, e não a espada.”
    Pág. 181 desta msm edição da resenha.

    • Isabela Zamboni      24 jan 2022 // 01H37

      Sim, essa parte do livro é muito interessante também! 🙂 Abraços!