*Atualizado em 5 de abril de 2024
Como quase todo mundo, me interessei em ler o livro As Aventuras de Pi, de Yann Martel, depois de assistir ao incrível filme de Ang Lee, lançado em 2012.
A surpresa foi boa: apesar de serem muito semelhantes, o livro traz algumas reflexões interessantes que não são apresentadas no longa-metragem.
Para quem não conhece, a sinopse é a seguinte: “O livro narra a trajetória do jovem Pi Patel, um garoto cuja vida é revirada quando seu pai, dono de um zoológico na Índia, decide embarcar em um navio rumo ao Canadá. Durante a viagem, um trágico naufrágio deixa o menino à deriva em um bote, na companhia de um tigre-de-bengala, um orangotango, uma zebra e uma hiena. A luta de Pi pela sobrevivência ao lado de animais perigosos e sobre um imenso oceano é de uma força poucas vezes vista na literatura mundial.”
As Aventuras de Pi é dividido em três partes: na primeira, a vida de Pi antes do naufrágio molda a narrativa. Pi(scine) Patel relata em primeira pessoa a infância em sua cidade natal, Pondicherry, na Índia.
Conta sobre seus dias entre a escola, as aulas de natação com o tio e as tardes no zoológico do pai. Essa primeira parte é cativante, já que muitos capítulos mostram curiosidades e relatos sobre zoológicos e as dificuldades de mantê-los.
Aprendi muita coisa que não fazia ideia – e algumas dessas informações mudaram minha perspectiva sobre o contato entre animais-humanos-natureza.
Outro ponto importante levantado na primeira parte é que o autor anuncia que a “história de Pi vai te fazer acreditar em Deus”. Porém, ele também revela que não pretende fazer uma pregação religiosa. Pi, na verdade, segue três religiões diferentes, apesar de ser filho de ateus. Pi é fascinado por Deus e tenta encontrá-lo em qualquer lugar, sem preconceitos religiosos.
As particularidades de cada religião são mostradas com respeito e beleza, expressando o quanto a espiritualidade do personagem está acima de hostilidades em relação a qualquer tipo de crença.
A segunda parte – e a mais conhecida – é quando inicia-se o naufrágio, evento que vai colocar a fé de Pi à prova. Ao partir para uma viagem com sua família – e os animais do zoológico – o navio naufraga e Piscine é o único sobrevivente.
Ele consegue encontrar um bote e se salvar, mas junto com outros animais. Todos morrem com o passar do tempo, exceto um: o tigre-de-bengala chamado Richard Parker.
Pi é magro, vegetariano, sensível e passa sete meses à deriva. É muito tempo tentando sobreviver, encontrar ajuda e ao mesmo tempo conviver com Richard Parker.
São várias páginas de reflexões, pensamentos íntimos do personagem e formas de entender a batalha que Pi trava consigo mesmo – tudo isso em uma pequena embarcação, rodeado de água do mar e debaixo de um sol excruciante.
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Em alguns momentos, confesso, a leitura fica um pouco maçante e perde o ritmo. Apesar de o tigre-de-bengala ser um elemento de constante tensão durante a narrativa, em determinado momento a história começa a cansar. Claro que isso não retira o mérito de As Aventuras de Pi, porém é importante manter a perseverança para chegar ao final.
O livro é incrível porque é uma grande alegoria, trazendo lições e significados diferentes sobre o que entendemos sobre a vida, morte, espiritualidade, perseverança, fé. Em diversas situações, As Aventuras de Pi apresenta também elementos surreais – não é possível saber com certeza o que é realidade ou imaginação.
Na terceira parte do livro, encontramos o desfecho final, o relato de Pi após sua permanência no mar. Não há como saber qual interpretação é a verdadeira nesta história.
Será que tudo o que ele passou foi real? Ele realmente visitou aqueles lugares? Havia mesmo um tigre no barco? Martel passa 400 páginas levando- nos a grandes aventuras e ainda dando uma lição fantástica sobre fé. O final, na verdade, é você quem decide.
Nota:
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Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos