*Atualizado em 13 de março de 2024
Aposto que você já ouviu alguém falar a frase “O inferno são os outros”. Essa famosa sentença faz parte da peça de teatro Entre Quatro Paredes, escrita pelo filósofo existencialista Jean Paul Sartre.
Minha irmã me emprestou esse livro com a peça completa (nessa edição antiga e superfofa da Abril Cultural) e gostei muito!
Ultimamente tenho lido bastante peças de teatro e não me arrependo: é um texto fluido de ler, além de ser muito interessante imaginar as personagens em um palco, em um local fixo com cenário e limitações.
A trama da peça é explicada rapidamente. Três pessoas são colocadas no mesmo cômodo: um homem, escritor, que queria ser um herói, mas foi um covarde; Estelle, uma burguesa fútil que só se preocupa com a própria imagem e que assassinou o bebê que teve com seu amante; e Inês, uma mulher impetuosa, funcionária dos correios e homossexual, atraída por Estelle, tentando a todo custo conquistá-la.
Os três são levados a essa sala por um criado, que depois desaparece. A porta está sempre trancada e, a partir daí, eles percebem a situação em que se encontram: aquele é o inferno.
Nada de criaturas demoníacas, cheiro de enxofre, um local em brasas… mas uma sala fechada, com uma decoração antiga no estilo do Segundo Império e pessoas completamente opostas. O inferno são os outros.
Confinados em um local sem espelhos, os três são obrigados a se ver através dos olhos dos outros. E essa perspectiva é mais do que interessante, é a filosofia de Sartre: sua tese de O Ser e o Nada.
A personagem Inês tenta jogar um contra o outro, forçando-os a exibir suas falhas e fracassos, contando suas histórias de quando ainda estavam vivos. À medida que a convivência se torna insuportável, Estelle tenta matar Inês, que apenas ri, pois já está morta. Garcin tenta se vingar fazendo sexo com Estelle na frente de Inês.
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Os personagens são detestáveis e a visão de um inferno enclausurante, sem nenhuma perspectiva de mudança, transforma a peça de teatro em uma experiência claustrofóbica.
Nunca assisti a nenhuma versão de Entre Quatro Paredes, infelizmente, mas só o texto já mostra a preocupação do autor em nos deixar estupefatos.
Ainda não conheço a fundo a obra de Sartre (mas pretendo!), porém Entre Quatro Paredes já me conquistou.
E pode ter certeza que nunca mais a imagem de inferno que você conhece será a mesma após a leitura dessa obra.
Nota:
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Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos
Buscando Informações sobre essa obra, deparei-me com seu texto! Perfeito, objetivo, e completo. Muito bom poder te conhecer!
Que bom que gostou Valéria! Fico muito feliz! Volte sempre 🙂
O escritor não fala nada mais do que o óbvio: Todos nós temos o Inferno e o Paraíso dentro de nosso ser e depende somente de cada um escolher com qual quer viver….. ..
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