*Atualizado em 12 de março de 2024
Comecei ler a Insustentável Leveza do Ser em 2009, em um período meio conturbado na minha vida. Na época, me apaixonei 100% pela obra e hoje, após uma releitura da mais nova edição, continuo amando mais ainda! Se você ainda não conhece essa obra marcante de Milan Kundera, recomendo que comece agora.
O livro, publicado originalmente em 1982, conta com quatro protagonistas: Tereza, Tomas, Sabina e Franz. Cada um deles experimenta, de certa forma, o “peso insustentável” da vida.
O livro é uma viagem pela história e filosofia, com reflexões profundas sobre as escolhas que fazemos ao longo de nossas trajetórias. É aquele tipo de livro tão intenso que pode mudar sua concepção de mundo, sendo que apenas uma leitura não é o suficiente.
Na verdade, esse livro é mais um ensaio filosófico do que um romance convencional. Apesar da trama envolvendo os quatro personagens e seus relacionamentos conturbados, o autor mergulha no íntimo das personagens, inserindo frases, pensamentos e reflexões riquíssimas no meio da narrativa.
Tereza, Tomas, Sabina e Franz são capazes de quase tudo para vivenciar ao máximo o erotismo, elemento muito forte presente na obra. No entanto, um contexto histórico bem opressivo – a invasão da Rússia na Tchecoslováquia em 1968 – também permeia a história, interferindo nas escolhas, pensamentos e atitudes dos personagens.
Em A Insustentável Leveza do Ser, encontramos teorias de Nietzsche, Sartre e até mesmo a filosofia pré-socrática de Parmênides, que dissertava sobre a relação peso/leveza, a problemática da dualidade do ser humano e apontava que o ser é “imóvel, imutável, eterno e infinito”.
“Não há nada mais pesado do que a compaixão. Mesmo a nossa própria dor não é tão pesada como a dor co-sentida com outro, por outro, no lugar de outro, multiplicada pela imaginação, prolongada em centenas de ecos.”
Durante a leitura, muitas vezes me batia uma tristeza, principalmente quando lia a parte de Tereza: uma mulher tão “dependente”, sufocada e com tantos desejos reprimidos. A história de Tereza é triste por depositar muito de si mesma nos outros, sem que haja uma reciprocidade.
Já Tomas, com quem Tereza mantém um relacionamento amoroso, é um médico frio, que se recusa a carregar o peso da vida, vivendo sem qualquer compromisso com assuntos de ordem política e em suas relações amorosas. O personagem escolhe ser “livre” de amarras, tanto que mantém uma relação erótica muito forte com Sabina, sua amante por anos a fio – uma relação amorosa de liberdade que passa bem longe dos padrões da época.
Porém, a distância acaba separando os amantes e, Sabina, uma mulher que é praticamente o oposto de Tereza – livre, empoderada, decidida – tenta encontrar em Franz, professor universitário, as mesmas qualidades que via em Tomas. Essas intrínsecas relações carregam um peso forte e decisivo para a narrativa.
A obra é dividida em sete partes, cada uma com capítulos curtos e que oferecem uma facilidade de leitura. Esse estilo de Kundera é essencial para atrair o leitor e prender a atenção. É um daqueles livros que você não quer deixar de lado de jeito nenhum, apesar do aprofundamento filosófico intenso que pode deixar sua cabeça meio pirada.
O renomado autor Ítalo Calvino define bem esse livro incrível do século XX: “O peso da vida, para Kundera, está em toda forma de opressão. O romance nos mostra como, na vida, tudo aquilo que escolhemos e apreciamos pela leveza acaba bem cedo se revelando de um peso insustentável. Apenas, talvez, a vivacidade e a mobilidade da inteligência escapam à condenação – as qualidades de que se compõe o romance e que pertencem a um universo que não é mais aquele do viver”.
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Infidelidade, compaixão, amor, acaso e eterno retorno são alguns dos grandes temas retratados por Kundera em A Insustentável Leveza do Ser. Uma das frases que mais me impactou durante a leitura foi essa:
“A vida humana acontece só uma vez, e não poderemos jamais verificar qual seria a boa ou a má decisão, porque, em todas as situações, só podemos decidir uma vez. Não nos são dadas uma primeira, segunda, terceira ou quarta chance para que possamos comparar decisões diferentes.”
Dentro dessa temática, Kundera relembra Nietzsche com a teoria do Eterno Retorno. O filósofo remete a Heráclito para pensar o mundo como o fogo eterno que se consome e se recria, mas sempre aqui, neste mundo.
Sua pergunta inicial é simples: “Você viveria sua vida mais uma vez e outra, e assim eternamente?”. Outro assunto abordado no livro é a busca pela felicidade, que precisa de liberdade para ser completa. Uma liberdade tão leve que passa a ser imensurável, e que por isso é insustentável.
A Insustentável Leveza do Ser é um livro complexo que vai mudar sua perspectiva de vida e fazer você refletir muito – principalmente sobre relacionamentos.
Nota:
Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos
Isabela Zamboni obrigada por sua completa e bela resenha do livro A insustentável leveza do ser de Milan Kundera, vou ler – já preparada para o melhor olhar.
Que bom que gostou, Ana Cristina! Um abraço
Gostei da resenha
Que bom que gostou, Júlia! Volte sempre 🙂
Adorei a resenha!
Não conhecia o autor e fiquei com muita vontade de ler o livro, aprece ótimo!
Que bom que gostou Camila! Leia, sim, é maravilhoso! <3
Muito interessante…vou ler o livro ! Não conhecia o autor…obrigada!
Já havia lido o livro…. há muitos anos atrás.. . nem me lembro quando foi, mas ao ler a resenha confesso que deu vontade de ler novamente. Vou fazer isso!
Espero que ainda se encante com a obra, Suzana! <3
Beijos
Já havia lido o livro…. há muitos anos atrás.. . nem me lembro quando foi, mas ao ler a resenha confesso que deu vontade de ler novamente. Vou fazer isso!
Espero que ainda se encante com a obra, Suzana! <3
Beijos
Oi, li o livro lendo a sua resenha senti vontade de rele-lo. Parabéns pelo jeito de escrever.
Gostei da resenha
Que bom que gostou, Júlia! Volte sempre 🙂
Adorei a resenha!
Não conhecia o autor e fiquei com muita vontade de ler o livro, aprece ótimo!
Que bom que gostou Camila! Leia, sim, é maravilhoso! <3