Resenhas  |  08.03.2016

Resenha: O Grande Gatsby – F. Scott Fitzgerald

*Atualizado em 13 de março de 2024

Deu pra perceber que estou no clima dos clássicos ultimamente – e por conta disso, não pude deixar de ler O Grande Gatsby, esse livro incrível eternizado por Fitzgerald.

Eu já havia conferido os dois filmes (com o Robert Redford, de 1974 e com Leonardo DiCaprio, de 2013), mas demorei para ler o livro. Posso afirmar que é maravilhoso e não importa se você já conhece a história – a obra de Fitzgerald vai te prender do começo ao fim.

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Foto: Isabela Zamboni/Resenhas à La Carte

O livro é bem curtinho – nessa minha edição da Penguin, quase 60 páginas são de textos de apoio e o restante é a trama narrada por Nick Carraway. O narrador em O Grande Gatsby é essencial e, por meio do ponto de vista de Nick, acompanhamos os enlaces dos personagens Jay Gatsby, Daisy, Tom Buchanan e Jordan Baker.

Nick é um jovem que saiu do Meio Oeste para trabalhar em Nova York como corretor de títulos. Chegando à cidade, descobre que é vizinho do famoso Gatsby, generoso e misterioso anfitrião que abre a sua luxuosa mansão às festas mais extravagantes. Gatsby é apaixonado por Daisy, prima de Nick, que é casada com o aristocrata esnobe Tom Buchanan.

O livro retrata com maestria a era do jazz, onde a riqueza parece estar em toda parte. O gim é a bebida nacional (apesar da lei seca) e o sexo está “pegando fogo”. No personagem de Gatsby, que conhecemos aos poucos pelo ponto de vista de Nick, vemos um homem abalado, frágil, mas que faz de tudo para recuperar o passado e reviver uma antiga paixão.

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Fitzgerald faz críticas ferozes à aristocracia norte-americana, assim como às pessoas fúteis que frequentavam as festas de Gatsby sem conhecê-lo. O tempo todo somos apresentados à uma sociedade hipócrita, que se diz repleta de moral e bons costumes, mas que na verdade não passa de egoístas inveterados.

O personagem de Gatsby é misterioso, intrigante e encanta a todos com seu charme, especialmente seu sorriso, citado várias vezes pelo narrador. Conseguimos compreender a dor deste homem que passou por múltiplas provações em sua vida, assim como também nos revoltamos com suas atitudes obsessivas e, muitas vezes, cegas.

Fitzgerald faz um retrato pessimista da América, mas ressalta aspectos importantes da cultura e sociedade da década de 1920. Nas comparações entre os bairros nobres e o “bairro das cinzas”, onde residem as classes de renda inferior, o autor consegue cutucar a ferida e sensibilizar o leitor.

A personagem de Daisy é, como o próprio Gatsby e Nick ressaltam, “a voz da riqueza”. Uma garota nascida em berço de ouro, desejada por todos os homens ao seu redor, que nunca passou por grandes dificuldades. No entanto, essa mulher aparentemente ingênua e infeliz, aceita as traições de seu marido para manter seu alto padrão de vida em uma casa luxuosa.

A narrativa é deliciosa e lemos o livro de uma só vez (dependendo do tempo que você tiver disponível, claro). Dos autores da “geração perdida” – termo criado por Gertrude Stein para designar os autores norte-americanos da geração de 1883 a 1900 – Fitzgerald é um dos meus favoritos, tanto pela sua sutileza quanto pela suavidade de suas palavras.

O final de O Grande Gatsby é uma facada bem dolorida. Quando encerrei a leitura, não sabia se chorava ou se ficava maravilhada. Ou seja: já entrou para os livros favoritos da vida! 

Nota: EstrelaEstrelaEstrelaEstrelaEstrela

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