Resenhas  |  05.03.2024

Resenha: O Lugar – Annie Ernaux

*Atualizado em 13 de março de 2024

O Lugar, de Annie Ernaux, foi um livro que me evocou diversos sentimentos. Ao mesmo tempo em que a autora francesa escreve de maneira direta e concisa, ainda assim a narrativa é envolvente e nos leva a pensar muito nas relações familiares e em como as memórias da juventude afetam toda a nossa trajetória.

Com apenas 72 páginas, é possível devorar o livro em um dia. Se você busca leituras rápidas e muito bem trabalhadas, a obra da autora é um prato cheio.

Resenha: O Lugar - Annie Ernaux
Foto: Isabela Zamboni/Resenhas à la Carte

Para entender melhor do que se trata, vamos à sinopse:

“O Lugar estabelece as bases para o projeto literário que Ernaux levaria adiante por três décadas de consagração crítica e sucesso de público. Nesta autossociobiografia, uma das mais importantes escritoras vivas da França se debruça sobre a vida do próprio pai para esmiuçar relações familiares e de classe, numa mistura entre história pessoal e sociologia que décadas mais tarde serviria de inspiração declarada a expoentes da autoficção mundial e grandes nomes da literatura francesa como Édouard Louis e Didier Eribon.”

Em outras palavras, O Lugar explora a infância e adolescência da autora em uma pequena cidade na Normandia, França.

Ela descreve as experiências e memórias de sua juventude, incluindo eventos familiares, sociais e políticos que moldaram sua identidade. A narrativa reflete sobre temas como classe social, sexualidade, educação e a passagem do tempo.

Com uma prosa evocativa, Annie Ernaux mergulha nas complexidades da memória e na busca por compreender o próprio lugar no mundo.

O livro todo é baseado na percepção da autora sobre o pai. Depois da morte deste, ela começa a relembrar toda sua trajetória, desde quando era jovem, até seus últimos dias antes de falecer.

Para comprar o livro, é só clicar na imagem abaixo:

Ernaux reflete também sobre questões mais amplas, como a influência da classe social na vida das pessoas e como as expectativas sociais moldam as escolhas individuais.

Em vários momentos fiquei imaginando como deve ser difícil fazer um retrato dos pais, de buscar acontecimentos que estão guardados na memória, de tentar fazer uma descrição precisa das pessoas que moldaram sua vida.

Ernaux esmiúça as características das pessoas com tanta intensidade, que parece que conhecemos sua família, vivemos naquela pequena cidade normanda, entendemos os costumes das pessoas que passaram por lá. E, acima de tudo, conseguimos criar empatia com seus pais, que passaram por muitos percalços para que ela pudesse estudar e construir um futuro diferente.

“Talvez seu maior orgulho, ou até mesmo aquilo que justificava a sua existência: que eu fizesse parte de um mundo que o desprezou.

A prosa é notável por sua clareza e intensidade, capturando tanto os momentos de felicidade e ternura quanto os de tristeza e melancolia. Ao longo do livro, ela examina a natureza da memória e a maneira como ela molda nossa compreensão do passado e do presente.

Para mim, O Lugar é não apenas uma narrativa autobiográfica, mas uma grande reflexão sobre a vida, o tempo e o sentido de pertencimento.

Se você procura narrativas curtas e engrandecedoras, recomendo o livro da autora vencedora do Nobel de Literatura. Inclusive, quero ler o restante dos livros de Ernaux.

E você, já leu alguma obra da autora? Deixe seu comentário!

NOTA

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1 Comentário “Resenha: O Lugar – Annie Ernaux”
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  1. Mayckel Oakes Vasconcellos      05 mar 2024 // 10H25

    Estava em busca de uma indicação e acabei de encontrar. Muito obrigado Isabela.