*Atualizado em 24 de setembro de 2024
Comprei o livro Oryx e Crake, da incrível Margaret Atwood, já faz alguns anos, quando fui em uma Bienal do Livro em São Paulo e o preço estava ótimo.
Na época, eu não sabia muito bem do que se tratava, mas por ser da autora que eu gosto tanto, especialmente por causa do livro O Assassino Cego, resolvi levar para casa.
Foi só agora em 2024 que optei por começar, já que se trata de uma distopia e eu não estava muito no clima para esse tipo de leitura.
Porém, só depois de comprar o livro descobri que se trata de uma trilogia, ou seja, ainda há muita história desse universo para conhecer.
Li rapidamente, já que a narrativa é envolvente, os personagens são misteriosos e não conseguia parar de acompanhar esse mundo bizarro pós-apocalíptico. Como sempre acontece em distopias, há aquela angústia e sentimento ruim de que “bem, isso não é tão impossível de acontecer em breve”.
Em Oryx e Crake, a história se passa em um futuro distópico e segue os eventos pelos olhos de um homem chamado Homem das Neves (Snowman), anteriormente conhecido como Jimmy.
O livro se passa em um momento em que a biotecnologia avançada e a manipulação genética se tornaram comuns. Corporações poderosas controlam a sociedade e criam várias formas de vida geneticamente modificadas.
O protagonista, Jimmy, é o narrador, um homem que sobreviveu a uma catástrofe global. Ele vive em um mundo desolado e se preocupa em proteger uma nova espécie de humanos geneticamente modificados chamados Crakers.
Inclusive, outro personagem central é Crake, um gênio da biotecnologia e antigo amigo de Jimmy. Ele é o criador dos Crakers e responsável pela catástrofe que acompanhamos durante a narrativa. Um personagem bizarro, com uns traços de psicopatia, não muito agradável.
Por fim, temos Oryx, uma mulher misteriosa com quem Jimmy e Crake se envolvem emocionalmente. Ela desempenha um papel fundamental nos eventos que levam ao “apocalipse”. Oryx passou por muitos sofrimentos desde a infância, mas não parecia se dar conta de sua situação, pelo menos não aos olhos do narrador.
Assim, a narrativa alterna entre o presente, onde Jimmy luta para sobreviver em um mundo destruído, e o passado, com flashbacks de sua vida antes da catástrofe.
O protagonista cresce em um mundo dominado por corporações e avanços biotecnológicos. Ele e Crake se tornam amigos na adolescência, jogando jogos violentos e acessando conteúdos perturbadores na internet.
Mais adiante, depois que Jimmy e Crake se formam na faculdade e começam a trabalhar, Crake desenvolve humanos geneticamente modificados para serem perfeitos e livres dos defeitos e impulsos destrutivos da humanidade.
Enquanto isso, no presente, o Homem das Neves luta para sobreviver e proteger os Crakers, que foram projetados para serem pacíficos e ambientalmente sustentáveis. Ele reflete sobre seu passado e a responsabilidade de Crake pela destruição.
Assim, aos poucos vamos entendendo o que está acontecendo, como tudo chegou àquele momento e qual foi o rumo de cada um dos personagens.
Para comprar o livro, é só clicar na imagem abaixo:
Aos poucos, fui me envolvendo com esses personagens complexos e fiquei absorta pela incrível narrativa de Margaret Atwood. Não é aquele tipo de leitura em que você adora todo mundo, pelo contrário, são pessoas desprezíveis. Mas isso é o mais interessante da literatura: conhecer outras vozes, visões diferentes e acompanhar pontos de vista que divergem dos nossos.
Um dos pontos altos de Oryx e Crake é a temática: o livro explora as implicações morais e éticas da manipulação genética e os perigos de brincar com a biologia humana. Além disso, há uma crítica ao consumismo e à exploração desenfreada dos recursos naturais.
Há ainda um pequeno triângulo amoroso (se é que é possível chamar dessa forma) entre Jimmy, Oryx e Crake, cujas complexas relações são centrais na obra, aludindo a temas como amor, traição e lealdade.
Enfim, Oryx e Crake é um relato sombrio e perturbador das consequências da ambição humana desmedida e dos avanços tecnológicos sem restrições morais.
Como sempre, a narrativa de Atwood mistura ironia com uma visão pessimista do futuro, criando um romance poderoso e provocativo. Mesmo estilo de O Conto da Aia.
Agora, preciso conferir os dois próximos livros da trilogia: O Ano do Dilúvio e MaddAdão, que trazem outras histórias dentro do mesmo universo.
E você, já leu? O que achou? Deixe sua opinião nos comentários!
NOTA:
Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos