*Atualizado em 9 de abril de 2025
Depois de me empolgar com a leitura de O Primo Basílio, resolvi começar a releitura do clássico e uma das obras mais aclamadas de Machado de Assis: Dom Casmurro.
Eu já havia lido na adolescência, pois sempre esteve presente nas listas de leituras obrigatórias dos vestibulares, mas lembrava muito pouco. Além disso, a experiência de ler Machado aos 16 anos e depois aos 34 é BEM diferente.

Eu devorei o livro e terminei em menos de uma semana. A narrativa envolvente, cativante e completamente pelo ponto de vista do narrador em 1ª pessoa, deixa todo o desenrolar da trama ainda mais interessante.
Se você ainda não conhece, veja uma breve sinopse de Dom Casmurro:
Em Dom Casmurro, o narrador Bento Santiago retoma a infância que passou na Rua de Matacavalos e conta a história do amor e das desventuras que viveu com Capitu, uma das personagens mais enigmáticas e intrigantes da literatura brasileira. Nas páginas deste romance, encontra-se a versão de um homem perturbado pelo ciúme, que revela aos poucos sua psicologia complexa e enreda o leitor em sua narrativa ambígua acerca do acontecimento ou não do adultério da mulher com olhos de ressaca, uma das maiores polêmicas da literatura brasileira. Publicado em 1899, o livro permanece ainda hoje como um dos mais fascinantes estudos da traição.
Ler Machado de Assis no ensino médio é bem diferente de ler após os 30 anos. A leitura já não é mais tão difícil de absorver, as ironias ficam mais escancaradas, bem como as entrelinhas. Percebi que conforme ia acompanhando a narrativa de Bentinho, não conseguia deixar de pensar em como tudo aquilo era enviesado.
O protagonista é muito observador e nutre quase uma obsessão por Capitu. Desde a infância, não parava de pensar nela, de levá-la em consideração acima de tudo e todos. Ela seria sua salvação: não queria ser padre, como era o desejo de sua mãe, mas queria casar com Capitu e ter uma vida plena a seu lado.
Com a ajuda de um amigo da família, Escobar, Bentinho consegue abandonar os estudos religiosos. Posteriormente, ele se casa com Capitu, e tudo parece perfeito até o nascimento de seu filho, Ezequiel.
Bentinho começa a desconfiar da fidelidade de Capitu, acreditando que ela teve um caso com Escobar e que Ezequiel seria filho dele. Essas suspeitas, alimentadas por ciúmes e falta de provas concretas, o consomem.
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É evidente o quanto ele se altera, o quanto a percepção dele por Capitu muda e como ele vai se tornando uma pessoa amargurada. Ele nunca trata o filho com carinho e jamais o aceita como verdadeiro.
Eu gosto muito da sensação que essa narrativa evoca. Muito além do “Capitu traiu ou não traiu”, sinto na obra de Machado uma melancolia, uma sensação constante de nostalgia e tristeza.
As memórias de Dom Casmurro são contadas com grande complexidade, o que me deixou envolvida com os personagens e seus desenvolvimentos. E, veja bem, são muitos personagens, cada um com sua função e papéis a serem desenvolvidos.
Vale ressaltar que essa edição da Penguin conta com uma introdução que traz excelentes explicações e análises sobre a obra machadiana. Gosto muito dos textos de apoio, porque trazem mais lucidez e perplexidade à narrativa, além de ressaltarem elementos que nem sempre conseguimos enxergar com clareza.
Vou ser bem sincera nessa resenha: achei muito difícil escrever sobre esse livro. Não consegui colocar em palavras o que ela representa ou a sensação que tive durante a leitura. Só consigo mesmo recomendar para você, caso ainda não tenha tido a oportunidade de conhecê-la. Comece hoje mesmo!
Dom Casmurro é uma obra atemporal, uma narrativa envolvente e, não à toa, um dos livros mais emblemáticos do realismo brasileiro. Gostei muito da releitura e pretendo reler também o incrível Memórias Póstumas de Brás Cubas em breve.
NOTA:

Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos