Resenhas  |  14.06.2015

Resenha: A Redoma de Vidro – Sylvia Plath

*Atualizado em 14 de março de 2024

A Redoma de Vidro, de Sylvia Plath, conta a história de Esther Greenwood, uma mulher brilhante, bonita e talentosa, mas lentamente em declínio, se sentindo cada dia mais sufocada e presa dentro de si mesma.

A obra de Plath nos leva para uma viagem dentro de uma psique obscura e perturbada, utilizando as palavras com tamanha intensidade, que o sofrimento da personagem torna-se quase palpável.

Resenha: A Redoma de Vidro - Sylvia Plath
Foto: Isabela Zamboni/Resenhas à La Carte

“Eu via os dias do ano se estendendo diante de mim como uma série de caixas brancas e brilhantes, separadas uma da outra pela sombra escura do sono. Só que agora a longa perspectiva das sombras, que distinguia uma caixa da outra, tinha subitamente desaparecido, e eu via os dias cintilando à minha frente como uma avenida clara, larga e desolada até o infinito.”

A narrativa em primeira pessoa enfatiza a alienação da personagem – dela mesma, da sociedade e do mundo em que vive. No início, acompanhamos a trajetória de Esther durante um estágio em uma revista de moda de Nova York – trabalho cheio de glamour, jazz, roupas caras, festas e homens. Mas, para a protagonista, nada disso importa, já que a sensação de vazio nunca passa.

“Me sentia muito calma e muito vazia, do jeito que o olho de um tornado deve se sentir, movendo-se pacatamente em meio ao turbilhão que o rodeia.”

A história é contada de maneira simples, porém com uma temática complexa. O estilo de Plath é irônico, direto e, ao mesmo tempo, poético. As páginas fluem rapidamente e a personagem é cativante com seu espírito sagaz.

As revistas de moda e a mídia em geral influenciam diretamente as mulheres em relação à sua imagem e o papel que “devem” desempenhar na sociedade da década de 50. Ao mesmo tempo, o livro mostra como pode ser cansativa a vida de mulheres que precisam ao mesmo tempo buscar uma carreira de sucesso e ainda serem mães/donas de casa perfeitas. Qual é, na verdade, seu papel no mundo? O que é mais importante? Casamento ou carreira?

“…estaria sempre sob a mesma redoma de vidro, sendo lentamente cozida em meu próprio ar viciado.”

A Redoma de Vidro é um retrato cru de uma jovem passando por uma severa depressão. Contudo, na época em que Esther vivia, os médicos e psiquiatras acreditavam que a terapia de choque e a internação em clínicas que faziam uso de medicamentos pesados seria a solução para qualquer doença mental.

A desinformação e a falta de empatia das pessoas ao redor da protagonista só servem para piorar sua situação, principalmente sua mãe, que se mostra (aos olhos da personagem) uma pessoa fria e desinteressada nos problemas da filha.

Para comprar o livro, é só clicar no link abaixo:

“Respirei fundo e ouvi a batida presunçosa do meu coração. Eu sou, eu sou, eu sou.”

Filmes como “Um Estranho no Ninho” (1975) e “Garota, Interrompida” (1999) abordam temáticas similares à obra de Plath. A vida no hospício e as torturas psicológicas vividas pelos personagens destes longas-metragens lembram o sofrimento de Esther, que passa por situações parecidas na trama do livro.

O mais triste é saber que A Redoma de Vidro é o único e último romance de Sylvia Plath, que suicidou-se pouco tempo depois. Muitos dizem que a obra é autobiográfica, já que Sylvia passava por crises graves de depressão. Recomendo a leitura, pois nem sempre conseguimos entender o sofrimento causado por uma doença tão terrível, e é mais que necessário tratar dessa temática na atualidade.

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6 Comentários “Resenha: A Redoma de Vidro – Sylvia Plath”
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  1. Fernanda      19 nov 2019 // 03H03

    Amo este livro, é um dos poucos que reli.

    • Isabela Zamboni      19 nov 2019 // 03H03

      Siim, tenho vontade de reler em breve! Incrível 🙂

  2. Gil      19 nov 2019 // 03H03

    Sylvia… genial e suicida.

  3. Fernanda      04 fev 2016 // 12H05

    Amo este livro, é um dos poucos que reli.

    • Isabela Zamboni      04 fev 2016 // 12H52

      Siim, tenho vontade de reler em breve! Incrível 🙂

  4. Gil      01 dez 2015 // 06H27

    Sylvia… genial e suicida.