*Atualizado em 26 de fevereiro de 2016
Quantos tesouros não habitam uma biblioteca, não é mesmo?
Essa frase nunca fez tanto sentido quanto agora: através de uma pesquisa acadêmica, a estudante Mayra Fontebasso – que cursa o último ano de Letras na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – acabou descobrindo três poemas de Carlos Drummond de Andrade esquecidos pelo tempo.
Segundo o jornal O Globo, Mayra “encontrou os trabalhos quando fazia sua pesquisa de iniciação científica sobre textos literários publicados na revista “Raça”, editada em São Carlos entre 1927 e 1934, sob orientação do professor Wilton José Marques“.
Para entender melhor a origem dos poemas, estudante e orientador consultaram a Bibliografia Comentada de Carlos Drummond de Andrade (1918-1934), de Fernando Py, o Inventário Dummoniano, da Fundação Casa de Rui Barbosa e o crítico, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e especialista da obra de Drummond, Antônio Carlos Secchin.
Ao final, constataram que eram textos inéditos. Um deles, “O poema das mãos soluçantes, que se erguem num desejo e numa súplica”, você pode conferir na íntegra, abaixo:
O poema das mãos soluçantes, que se erguem num desejo e numa súplica
Como são belas as tuas mãos, como são belas as tuas mãos pálidas como uma canção em surdina…
As tuas mãos dançam a dança incerta do desejo, e afagam, e beijam e apertam…
As tuas mãos procuram no alto a lâmpada invisível, a lâmpada que nunca será tocada…
As tuas mãos procuram no alto a flor silenciosa, a flor que nunca será colhida…
Como é bela a volúpia inútil de teus dedos…
O poema das mãos que não terão outras mãos numa tarde fria de Junho
Pobres das mãos viúvas, mãos compridas e desoladas, que procuram em vão, desejam em vão…
Há em torno a elas a tristeza infinita de qualquer coisa que se perdeu para sempre…
E as mãos viúvas se encarquilham, trêmulas, cheias de rugas, vazias de outras mãos…
E as mãos viúvas tateiam, insones, − as friorentas mãos viúvas…
O poema dos olhos que adormeceram vendo a beleza da terra
Tudo eles viram, viram as águas quietas e suaves, as águas inquietas e sombrias…
E viram a alma das paisagens sob o outono, o voo dos pássaros vadios, e os crepúsculos sanguejantes…
E viram toda a beleza da terra, esparsa nas flores e nas nuvens, nos recantos de sombra e no dorso voluptuoso das colinas…
E a beleza da terra se fechou sobre eles e adormeceram vendo a beleza da terra…
FONTE: O Globo
Melissa Ladeia Schiewaldt é jornalista, especialista em Marketing Digital e tem MBA em Gestão de Projetos.
Por favor, altere os créditos da imagem do amanhecer em copacabana para um link ativo para o endereço http://www.flavioveloso.com
Obrigado
Feito, Flávio!
Obrigada e parabéns pela bela foto!
Bjs
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Obrigado