*Atualizado em 18 de março de 2024
Assim como muitos leitores, conheci Outros Jeitos de Usar a Boca através de um vídeo da JoutJout. Apesar do título não dizer muito a que veio, resolvi dar uma chance quando entendi que se tratava de um livro de poemas.
Originalmente a obra foi publicada de forma independente pela autora, Rupi Kaur, com o título Honey and Milk (que, para mim, é bem melhor que o escolhido para a tradução brasileira, haha).
Clique abaixo para adquirir o seu exemplar:
Nele, a autora aborda temáticas femininas e feministas através de seu ponto de vista. Isso faz com que Outros Jeitos de Usar a Boca seja não somente uma coletânea de poemas, mas praticamente uma autobiografia em versos. Rupi se desfaz em cada poema: expõe seus medos, angústias, incertezas… Mas também contempla o amor, a cura e a redenção através da poesia.
“meu coração me acordou chorando ontem à noite
o que eu posso fazer eu supliquei
meu coração disse
escreva o livro“ (p. 6)
“quero pedir desculpa a todas as mulheres
que descrevi como bonitas
antes de dizer inteligentes ou corajosas
fico triste por ter falado como se
algo tão simples como aquilo que nasceu com você
fosse seu maior orgulho quando seu
espírito já despedaçou montanhas
de agora em diante vou dizer coisas como
você é forte ou você é incrível
não porque eu não te ache bonita
mas porque você é muito mais do que isso” (p. 179)
Apesar dos relatos extremamente pessoais, Outros Jeitos de Usar a Boca é capaz de gerar identidade ao tratar de temas que permeiam o “universo feminino”. Ele é dividido em quatro partes: a dor, o amor, a ruptura e a cura. Cada uma delas a autora relata suas experiências com abuso, violência, amor, perda, entre outros assuntos.
“você precisa
ter vontade de passar
o resto da vida
antes de tudo
com você” (p. 198)
Ao abordar temas que ainda são considerados tabu em nossa sociedade – menstruação, depilação íntima, entre outros – Rupi representa e empodera as mulheres, dando força e visibilidade ao movimento feminista.
Outros Jeitos de Usar a Boca é, ao mesmo tempo, sensível, cruel, duro, amável, esclarecedor e cheio de representatividade. Um jornada na vida de Rupi Kaur que também representa a jornada na vida de muitas mulheres.
“fique firme enquanto dói
faça flores com a dor
você me ajudou
a fazer flores com a minha
então floresça de um jeito lindo
perigoso
escandaloso
floresça suave
do jeito que você preferir
apenas floresça– para quem me lê” (p. 158)
Ajude o Resenhas! Clicando na imagem abaixo você contribui para o crescimento do blog! 🙂
Melissa Ladeia Schiewaldt é jornalista, especialista em Marketing Digital e tem MBA em Gestão de Projetos.