*Atualizado em 12 de março de 2024
Como começar a descrever o quão bom é O Conde de Monte Cristo? Como explicar a forma que esse livro prende sua atenção, te deixa vidrado e completamente curioso para ler cada página?
Comecei a leitura desse clássico de Alexandre Dumas em 17 de dezembro de 2017 e concluí dia 17 de janeiro de 2018. Exatamente um mês devorando as 1663 páginas dessa obra impressionante. Impossível não se apaixonar por essa história recheada de intrigas, traições, dramas, revolução, política, romance e, claro, vingança.
Você provavelmente já deve ter ouvido falar na história de O Conde de Monte Cristo. Já foi adaptada várias vezes para a televisão, teatro e cinema, além de ter influenciado muitas outras histórias. Sabe a série Revenge? Ou até mesmo a novela da Globo, O Outro Lado da Paraíso? Ambas foram fortemente inspiradas na trajetória do Conde, isto é, o protagonista Edmond Dantès.
Mas vamos falar um pouquinho da história: Edmond Dantès, um forte e audacioso marinheiro, é preso sob falsa acusação, em 1815, por ter ido à Ilha de Elba, onde teria recebido uma carta de Napoleão (que estava em exílio). Na verdade, Edmond foi vítima de um complô entre três pessoas: o juiz de Villefort, filho do destinatário da carta de Napoleão, que, mesmo sabendo da inocência do marinheiro, quis silenciá-lo; seu colega de trabalho Danglars, que desejava o posto de capitão do navio, já que Dantés recebeu o posto por mérito, ou seja, pura inveja; e Fernand Mondego, pescador catalão interessado em Mercedes – noiva de Dantès – que invejava Dantès por este ser o alvo de seu amor.
“As feridas morais têm essa particularidade: elas se escondem, mas não se fecham. Sempre dolorosas, prontas a sangrar quando tocadas, elas permanecem vivas e abertas no coração.”
Após passar quatorze anos na prisão no Castelo de If, em Marselha, Edmond consegue fugir, e, depois de solto, encontra um enorme tesouro. Mas ele só conseguiu essa fortuna graças a um amigo, vizinho de cela, o abade Faria, um preso político que lhe indicou o local de um tesouro escondido, além de tê-lo educado por vários anos sobre diversas artes e ciências, como química, esgrima, línguas e história em geral. Mesmo não acreditando muito, Edmond investe na aventura e confirma a história de seu velho amigo de prisão, tornando-se milionário.
E, é claro que, a partir daí, o protagonista jura se vingar de cada um que o deixou confinado na prisão, retornando como o riquíssimo Conde de Monte Cristo e abalando a sociedade parisiense da época.
“Esperar e ter esperança.”
Como gosto bastante de histórias de vinganças, esse livro foi um grande deleite. Depois que acompanhamos todo o sofrimento de Edmond, vê-lo armar uma trama complexa, destruir um por um de seus inimigos de uma forma inteligente, é muito satisfatório. Lembrando que essa vingança não é sanguinária: o personagem reforça que a morte não é punição suficiente.
Uma das coisas mais interessantes dessa história é a narrativa: é difícil descobrir qual é o verdadeiro plano do Conde de Monte Cristo e, em diversos momentos, só acompanhamos os passos do Conde pelo ponto de vista de outros personagens.
Em outras partes, porém, Edmond se revela, com seus pensamentos e ações permeados pelo ódio. Apesar de o foco da trama ser no próprio Edmond e seus inimigos Villefort, Danglars e Fernand, em diversas partes conhecemos outros personagens que vão adicionando ainda mais terror e aventura ao romance.
“Não existem nem felicidade nem infelicidade neste mundo, existe a comparação de uma com a outra, só isso. Apenas aquele que atravessou o extremo infortúnio está apto a sentir a extrema felicidade. É preciso ter desejado morrer, Maximilien, para saber como é bom viver.”
Outro aspecto bem bacana do livro é que ele é contado como se fosse uma fábula. Isso se deve ao fato de que O Conde de Monte Cristo foi inicialmente publicado como folhetim e só depois reunido para um volume único. Em várias partes o narrador conversa com o leitor, como se dissesse: “aguarde e verá a vingança final”. Como a história foi publicada aos poucos, a vontade de continuar a trama é indescritível. Passei horas e horas lendo sem parar, morrendo de vontade de saber o que iria acontecer.
O livro de Alexandre Dumas também é recheado de frases imponentes, conta com uma descrição bem acurada da Paris do século XIX e o início da democracia no país, além de fazer um retrato bem fiel à aristocracia hipócrita da época. Os personagens também são bem construídos, com fortes personalidades.
A edição que escolhi foi a versão de bolso da Zahar. Comprei o e-book e não me arrependo, porque foi bem mais fácil acompanhar o calhamaço pelo Kindle. Você pode comprar abaixo também, é só clicar na imagem:
Não tenho dúvidas ao afirmar que esse foi um dos melhores livros que já li e que agora estou viciada em Alexandre Dumas.
Se você tem vontade de ler uma história com muitas reviravoltas, O Conde de Monte Cristo é ideal. Agora só resta ler também as outras obras do autor: Os Três Mosqueteiros e o Homem da Máscara de Ferro.
Obs: eu já tinha assistido ao filme de 2002, com Jim Caviezel e Guy Pearce. Na época, gostei bastante, mas hoje vejo que muitos elementos foram alterados e a história bastante enxugada. Por exemplo: Edmond era muito amigo de Fernand nessa adaptação, o que não acontece no livro. Mas, não deixa de ser divertido! Veja o trailer:
Existem várias outras adaptações mais antigas também, mas não assisti. E você, conhece mais alguma? Bem que algum streaming poderia fazer uma série baseada no livro, não é? Renderia muitos episódios. Só nos resta sonhar!
Nota:
Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos
Adorei a resenha…vontade de ler O Conde de Monte Cristo.
Leia, Cláudio, é muito bom!