*Atualizado em 8 de março de 2024
Arthur Schopenhauer dizia algo como “A vontade é cega e irracional“. Na segunda temporada de Dark, um dos episódios inicia com um monólogo do personagem Adam falando exatamente sobre como o homem é controlado por suas emoções.
O quanto nos enganamos achando – ou tentando achar – respostas que nos pareçam levemente plausíveis para explicar ações tomadas no dia a dia. E o que tudo isso tem a ver com F*deu Geral?
“Nós nos agarramos à narrativa do autocontrole porque a crença de sermos capazes de controlar a nós mesmos por completo é uma grande fonte de esperança. Queremos acreditar que mudar quem somos é tão simples quanto saber o que mudar.” (p. 39)
Mark Manson traz esta reflexão – extremamente relevante – para a obra, porém, de uma forma “mastigada” para o leitor, e com a mesmo linguagem irreverente que já conhecemos desde A sutil arte de ligar o f*da-se.
No começo, assumo que as 100 primeiras páginas me pareceram muito repetitivas – até pensei em abandonar a leitura. Porém, ao traçar esse paralelo com outros pensadores e, no caso, até mesmo com um seriado da Netflix, fui encaixando as peças e entendendo o que o autor quis transmitir com F*deu Geral.
A linguagem simplista e os palavrões são a forma ideal para introduzir o leitor em temas complexos. Mark fala de uma forma que todos entendem: ele exemplifica de forma leve, traz metáforas que jamais imaginaríamos, e fala muita merda, claro.
“A equalização está presente em todas as experiências porque junto o impulso de equalizar é a própria emoção. A tristeza é um sentimento de impotência para compensar o que percebemos como perda. A raiva é o desejo de equalizar por meio da força e da agressão. A felicidade é a sensação de estar livre de dor, enquanto a culpa é a sensação de que você merecia uma dor que nunca chegou.” (p. 63)
Mas este é, sem dúvidas, o grande trunfo de F*deu Geral.
Clique abaixo para comprar seu exemplar:
Em comparação com A sutil arte de ligar o f*da-se, vi uma base teórica mais forte. Enquanto o primeiro livro de Mark lançado no Brasil não trazia muito embasamento científico, em F*deu Geral esta lacuna é preenchida: as 20 últimas páginas do livro são dedicadas às notas de fim, que explicam os conceitos aplicados, as pesquisas científicas citadas, etc.
“Os valores que acumulamos durante a vida se cristalizam, sedimentando a nossa personalidade. A única forma de mudar nossos valores é ter experiências contrárias. E qualquer tentativa de se livrar deles por meio de experiências novas ou contraditórias inevitavelmente causará dor e desconforto.” (p. 75)
Neste livro, Mark aborda as diversas facetas da esperança: em si, no outro, em um Deus, nas coisas… E destrincha – através de muitas analogias – como este sentimento atua em todos nós.
Honestamente, achei as 100 últimas páginas um pouco “perdidas”, sem sentido. Principalmente o capítulo final, que me pareceu ter sido escrito às pressas – ou sem muita informação relevante – sobre como a Inteligência Artificial pode influenciar o nosso futuro ( e a “esperança” que o autor deposita nela).
De qualquer forma, é um livro leve sobre o tema, que levanta questões importantes e nos faz pensar sobre o que estamos fazendo com o presente – e como isso irá nos impactar daqui para a frente.
NOTA:
Melissa Ladeia Schiewaldt é jornalista, especialista em Marketing Digital e tem MBA em Gestão de Projetos.