*Atualizado em 11 de março de 2024
História da Menina Perdida é o último livro da série Napolitana – e também o mais melancólico. Depois de ler empolgadíssima os quatro livros de Elena Ferrante, quando terminei este último volume, senti um vazio muito grande.
Me apeguei a todos os personagens, àquelas tramas e enredos, às vidas das pessoas daquele bairro de Nápoles. Não tem como não se emocionar com uma narrativa tão densa e brutal.
Porém, o último livro é o mais triste, o que mais puxa para baixo. Não era para menos: chegamos à vida adulta e à terceira idade das protagonistas. Os problemas mudam, as relações se complicam e o tempo vai varrendo tudo, deixando apenas fragmentos de memórias.
Lenu agora precisa passar por um furacão em sua vida: retornar à Nápoles, lidar com sua mãe enferma, divorciar-se do marido, começar uma vida nova sem nenhum dinheiro no bolso, mas com filhas pequenas para cuidar. Já Lila vive seu momento de ascensão: as coisas começam a melhorar, vira dona da própria empresa, é admirada por todas no pequeno bairro onde vive.
Alguns personagens morrem, outros se mudam, muitos nem são mais lembrados. Aos poucos, Lenu torna-se uma mulher madura e percebe quantos erros cometeu durante a vida. A maternidade torna-se o ponto central da história, todas suas dificuldades e cargas emotivas.
A paternidade também é bastante discutida: o papel de um homem dentro da família, a relação com a esposa e as crianças, as responsabilidades que quase nunca são assumidas; da mesma forma, Elena Ferrante aponta os problemas que as mulheres enfrentam ao ter que lidar com uma vida profissional, cuidar dos filhos, os afazeres domésticos e ainda suportar maridos que nunca estão presentes.
Em História da Menina Perdida, Lila torna-se, finalmente, não alguém que deseja competir com Elena: as duas caminham juntas e lidam com as adversidades do melhor jeito que podem. A amizade tóxica de Lenu e Lila, cheia de altos e baixos, encontros e desencontros, afeto e desgosto, é fortalecida e desfeita em História da Menina Perdida.
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Como já imaginava, Nino mostra-se um homem repugnante e Lenu precisa lidar com o fato de que aquela paixão ardente da infância e adolescência morreu. Agora ela precisa dar um jeito de, como escritora, manter seu trabalho ativo e ainda restabelecer suas conexões no bairro, aproximar-se novamente de sua família, conseguir lidar da melhor forma possível com três crianças e, claro, com a melhor amiga.
Dos quatro livros da série, esse é o mais arrastado. Alguns momentos são um pouco cansativos – e fica bastante óbvio o rumo dos acontecimentos. Porém, ao final da juventude – e o início da idade madura – um evento desencadeia uma série de tristezas e abatimentos que vão permanecer até a última linha do livro.
No entanto, um dos pontos mais interessantes deste livro é a passagem do tempo; acompanhamos tudo como se estivesse acontecendo naquele instante, mas de repente as crianças já são adultas, os personagens alteram o rumo de suas vidas, o cenário político muda completamente. A Itália já não é mais a mesma, assim como as relações entre as famílias do bairro.
O final é triste, porém, emocionante. Como mencionei anteriormente, deixa um vazio bem grande. Os livros de Elena Ferrante nos deixam atados às personalidades fortes daqueles personagens e suscitam muitas reflexões a respeito de amizade, família, amor, memória, afeto, rancor, inveja e, especialmente, transformação social.
A tetralogia napolitana é um grande romance de formação, dividido em quatro partes – o tempo leva tudo embora e só permanece uma memória distante, longínqua, de momentos angustiantes e primorosos.
E você, já leu? Conta pra gente o que achou!
Nota:
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Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos
Acabei de ler o ultimo livro e estou como vc descreveu aquela sensação de vazio e confusa não vou mentir, Hora odeio hora amo lina , as x acho Lenu muito parecida comigo, tive uma amiga muito parecida com Lina porem sem a crueldade e frieza dela, mas sua resenha é sensacional, obrigada
Que bom que gostou, Lu!