*Atualizado em 3 de outubro de 2024
Madame Bovary é aquele livro que todo mundo já ouviu falar na escola: é o marco do realismo, foi muito polêmico na sua época, é um clássico da literatura mundial… mas quando estamos no colegial nos preparando para o vestibular, a leitura desse livro passa longe de ser prazerosa. Aliás, quase tudo que vira obrigação perde a graça, né?
Mas eu, pelo contrário, não li Madame Bovary na época do colégio: li agora, aos 24 anos, pós-faculdade. E posso afirmar que essa obra é incrível, não somente no seu estilo, mas também no forte conteúdo. Incrivelmente, o livro foi escrito em 1857, mas MUITAS coisas se assemelham aos dias de hoje.
Madame Bovary conta a história da triste e solitária Emma, uma moça criada no campo que tem grandes sonhos burgueses. Emma é muito apegada a seus livros e acredita que sua vida será igual aos romances que devora com fervor todos os dias.
Sempre esperando uma vida melhor e cheia de riquezas, Emma casa com Charles Bovary, um médico do interior. A partir deste momento, vamos acompanhar uma linha sucessória de acontecimentos e momentos deprimentes, começando pelo tedioso casamento de Charles e Emma.
Frustrada por levar uma vida tediosa, monótona e ter um marido extremamente devotado, Emma começa a procurar novas aventuras. Acaba se envolvendo em duas relações extra-conjugais e, aos poucos, percebe que a vida real é bem diferente daquela retratada nos livros.
“E Emma buscava saber o que significavam exatamente, na vida, as palavras felicidade, paixão e embriaguez, que tão belas lhe pareceram nos livros.”
Vamos por partes: é bem complicado ser sucinta quando o assunto é Madame Bovary. São muitos temas diferentes retratados e inúmeras mensagens nas entrelinhas. Primeiramente, Flaubert com certeza estava satirizando os autores românticos, que contavam histórias de belas donzelas que seriam salvas por um príncipe.
Ao mostrar a realidade dura dos casamentos arranjados (sem amor nenhum por parte de Emma), conseguimos perceber a ironia do autor, que, de forma singela, consegue demonstrar a vida deprimente de uma mulher perdida em suas próprias ilusões.
Charles é um marido devotado, ingênuo e apaixonado: faz de TUDO por Emma, mas ela não corresponde e ainda o trata com o maior desprezo do mundo. Sua vontade é fugir, viver uma paixão sórdida, um romance proibido. Cansada do marido e da sua pobreza (ser médico no interior não era nenhum luxo na época), Emma busca novos amantes, que lhe prometiam o mundo, mas no fim das contas não lhe deixam com nada.
Os personagens de Flaubert são todos bem icônicos: desde o farmacêutico pomposo amigo da família, até a sogra de Emma, que faz o típico papel de mulher azeda que não suporta a própria nora. Cada diálogo do livro é precioso, criticando a religião, o falso moralismo e os “bons costumes”.
Não é à toa que Flaubert é o marco da escola realista e influenciou tantos autores que vieram logo após, como Eça de Queiroz, que fez uma bela releitura de Madame Bovary em sua obra “Primo Basílio“.
“No fundo de sua alma, no entanto, ela esperava um acontecimento. Como os marinheiros aflitos, passeava seus olhos desesperados pela solidão de sua vida, buscando ao longe algum véu branco nas brumas do horizonte.”
Madame Bovary foi tão polêmico que chegou a ser censurado! Flaubert foi levado aos tribunais e choveram críticas à sua obra. Seu livro foi reconhecido e aplaudido como um clássico da literatura mundial somente muito tempo depois. Nos dias de hoje, é absurdo considerar este um livro polêmico. A história de uma mulher adúltera, sonhadora e insatisfeita com o próprio casamento não chegaria nem perto de ser censurada. Mas em 1857 era imperdoável.
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Para finalizar, o que mais me tocou neste livro é como ele consegue mexer com nossos sentimentos. A amargura de Emma queima na pele; sentimos pena de Charles ao lembrarmos de tantos homens como ele; odiamos os amantes de Emma, que são aqueles típicos homens que prometem o mundo às suas amantes e, na primeira dificuldade, pulam fora do barco; ficamos morrendo de raiva da hipocrisia e falsidade dos membros da pequena cidade francesa, que não sabem fazer nada a não ser futricar; morremos de tédio ao ver como a vida de uma dona de casa daquela época podia ser tão pavorosa; não conseguimos entender a frieza dos pais com a pequena filha, sempre jogada nos braços da empregada.
“O dever é sentir que somos grandes, é amar o que é belo e não aceitar todas as convenções da sociedade com as infâmias que ela nos impõe.”
Afinal, você é Madame Bovary, sempre insatisfeita com tudo, ou Charles, otimista e perdido na ingenuidade?
Nota:
Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos
Amei sua resenha!!
Obrigada xará!
Beijos
Livro maravilhoso! Além de remontar um quadro da sociedade burguesa da epoca, nos propõe uma imensidao de análises a respeito das individualidades de cada personagem. Desse modo, ainda ao contemplar a personagem principal, Ema Bovary, Flaubert consegue fixar nosso olhar aos demais personagens, avaliando sempre sua progressao e singularidade. Simplesmente perfeito!
Perfeição define mesmo, Mariana! <3
isabela, fantastica a sua resenha ! agora vou ler o livro depois dessa resenha ninguem mais me segura sou apaixonado por romances classicos…e vc.. faz a melhor resenha que ja vi.. bjs….
Que bom que gostou, Cícero! Espero que goste do livro tanto quanto eu.
Abraços!
Muito boa a resenha de vocês meninas, parabéns!!!
Obrigada Thiago! Volte sempre 🙂
Acabei de ler ! Não dá vontade de parar a leitura, é muito interessante .recomendo !
Muito bom mesmo, Arlindo!
Livro maravilhoso! Além de remontar um quadro da sociedade burguesa da epoca, nos propõe uma imensidao de análises a respeito das individualidades de cada personagem. Desse modo, ainda ao contemplar a personagem principal, Ema Bovary, Flaubert consegue fixar nosso olhar aos demais personagens, avaliando sempre sua progressao e singularidade. Simplesmente perfeito!
Perfeição define mesmo, Mariana! <3
Acabei de ler ! Não dá vontade de parar a leitura, é muito interessante .recomendo !
Muito bom mesmo, Arlindo!
isabela, fantastica a sua resenha ! agora vou ler o livro depois dessa resenha ninguem mais me segura sou apaixonado por romances classicos…e vc.. faz a melhor resenha que ja vi.. bjs….
Que bom que gostou, Cícero! Espero que goste do livro tanto quanto eu.
Abraços!
Muito boa a resenha de vocês meninas, parabéns!!!
Obrigada Thiago! Volte sempre 🙂
Amei sua resenha!!
Obrigada xará!
Beijos