*Atualizado em 6 de março de 2024
O Vilarejo, de Raphael Montes, é um excelente livro de contos de horror. As histórias, inspiradas nos sete pecados capitais, caracterizados pelos demônios Asmodeus (luxúria), Belzebu (gula), Mammon (ganância), Belphegor (preguiça), Satan (ira), Leviathan (inveja) e Lúcifer (soberba), são assustadoras, revelando o pior que existe no ser humano.
Veja a sinopse:
Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome. As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão.
No prefácio e posfácio, o próprio Raphael Montes se apresenta como “tradutor” de cadernos antigos encontrados na coleção de uma mulher chamada Elfrida Pimminstofer. Falecida meses antes, a mulher deixou uma coleção de mais de sete mil livros, incluindo essas anotações ilustradas numa língua desconhecida. Raphael, então, movido pela curiosidade, descobre que estão escritos em cimério, uma língua morta pertencente ao ramo botno-úgrico.
“[…] entre os textos, as ilustrações retratavam episódios de horror e violência extrema, traçadas e coloridas com giz de cera”. (p.10)
Após muito trabalho, consegue fazer a tradução dos contos, que narram as histórias de pessoas que viveram num pequeno vilarejo, de localização desconhecida. O mais divertido é que o autor se insere como personagem, parecendo que o prefácio é verdadeiro, mas claramente se trata de ficção.
São como aquelas velhas histórias de horror que já conhecemos: cadernos em decomposição, com idiomas desconhecidos, que ao serem vasculhados falam sobre a descoberta de demônios.
Os moradores do vilarejo aparecem alternadamente nos contos, como personagens principais ou secundários. Cada conto é simbolizado por um pecado e o demônio correspondente. A neve e o frio, aos poucos, vão consumindo os habitantes do vilarejo, levando-os ao limite da fome e da loucura.
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Gostei bastante das narrativas. São assustadoras na medida certa e discutem a própria essência do pecado e da maldade humana. Em situações desesperadoras, cada um sucumbe aos desejos e instintos que, muitas vezes, vão da selvageria à pura crueldade.
Por ser uma leitura rápida, de 96 páginas, dá para terminar em um dia. Conforme eu lia as histórias, mais queria saber o final. Apesar de ser possível ler os contos de maneiras variadas, preferi seguir a ordem estipulada pelo autor.
O posfácio é uma excelente surpresa, encerrando a sequência narrativa de um jeito sensacional.
O livro conta com ótimas ilustrações de Marcelo Damm, mas infelizmente na versão para o Kindle as imagens não são nítidas. Recomendo comprar o livro físico, porque o projeto editorial é bem mais atraente.
Já havia lido Dias Perfeitos de Raphael Montes e gostei bastante, mas O Vilarejo demonstra ainda mais o brilhantismo do autor como escritor de suspense/horror. Se você gosta de histórias macabras que incomodam, não vai se arrepender!
NOTA:
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Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos
Muito bom para o gênero, vale a leitura.