Resenhas  |  18.07.2023

Resenha: Primeira Pessoa do Singular – Haruki Murakami

*Atualizado em 4 de março de 2024

Recebi o e-book de Primeira Pessoa do Singular, de Haruki Murakami, graças à nossa parceria com a Companhia das Letras. Como gosto do autor, aproveitei para conhecer algumas histórias mais curtas, já que só havia lido somente romances, como Minha Querida Sputnik e Sul da Fronteira, Oeste do Sol.

Foi uma boa leitura, bastante envolvente, tanto que acabei rapidinho. Exceto uma ou outra história que não me cativou, os contos do livro nos levam a um mundo peculiar e reflexivo, cheio de mistério e questionamentos sobre a existência humana.

Em Primeira Pessoa do Singular, temos 8 histórias, cujos temas incluem o mundo dos sonhos e fenômenos inexplicáveis, lembrando bastante o estilo sul-americano de literatura fantástica. Claro que, por ser de Murakami, temos também outra característica marcante do autor: referências à música, como jazz, clássica e cultura pop. Além disso, encontramos um Japão que se adaptava às influências ocidentais nos anos 60.

Resenha: Primeira Pessoa do Singular - Haruki Murakami
Foto: Divulgação/Alfaguara

Por exemplo, no conto intitulado Charlie Parker Plays Bossa Nova, o narrador faz uma resenha fictícia de um novo álbum de Charlie Parker, famoso saxofonista norte-americano. Lemos várias páginas contendo uma descrição minuciosa entre uma parceria de Parker e Tom Jobim. Algo que teria sido majestoso, mas que infelizmente nunca aconteceu.

Um dos grandes destaques do livro, porém, é o conto A confissão do macaco Shinagawa, no qual um macaco falante trabalha em uma pousada termal.

Na história, o narrador se encontra com o macaco que trabalhava nesse local, conversa com ele e descobre que o bicho se apaixonou várias vezes por mulheres, incapaz de ter relacionamentos verdadeiros. Porém, para compensar o fato de nunca conseguir se envolver diretamente com elas, o macaco “rouba partes dos nomes” das mulheres, fazendo-as esquecer de suas próprias identidades.

É uma história bizarra e instigante, mas que sugere algo presente nos outros contos do livro: as mulheres são retratadas sem motivações verdadeiras ou convincentes, até mesmo vazias, sem profundidade, isto é, sem nome ou rosto, como se algo tivesse sido roubado delas. Como se o macaco tivesse roubado todas as outras mulheres dos outros contos presentes em Primeira Pessoa do Singular.

Outros contos exploram o desaparecimento, um tema recorrente na obra de Murakami (como em Minha Querida Sputnik) e revelam conexões sutis entre os personagens.

Outro destaque é o conto With the Beatles, em que o narrador relembra uma antiga paixão juvenil e sua conexão com a música da banda inglesa. A história aborda temas de envelhecimento, nostalgia, o vazio existencial e as mudanças ao longo do tempo.

O livro ainda contém um conto sobre baseball (esse é mais para fãs do esporte, como não gosto, não conseguiu me conquistar), entre outras histórias, que não vou entrar em detalhes para não perder a graça da leitura.

Por fim, os contos de Murakami são envoltos nas profundezas da psique humana, explorando temas universais com uma abordagem cativante e imaginativa. Suas histórias exploram a solidão, a natureza da identidade, a importância da memória e a busca por significado em um mundo complexo. Vale a pena a leitura!

NOTA

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