Resenhas  |  02.10.2020

Resenha: Rebecca – A Mulher Inesquecível – Daphne du Maurier

Iniciei a leitura de Rebecca – A Mulher Inesquecível, de Daphne du Maurier, após ter concluído a leitura de A Sucessora, de Carolina Nabuco.

Como o livro Rebecca foi acusado de plágio (antes da publicação, Carolina enviou ao agente literário da escritora inglesa os originais de seu livro, traduzidos por ela mesma) e muitos críticos da época reconheceram a semelhança entre as obras, resolvi conferir essa polêmica.

Resenha: Rebecca - A Mulher Inesquecível - Daphne du Maurier
FOTO: Isabela Zamboni/Resenhas à la Carte

E confesso que fiquei um pouco chocada, porque é descaradamente parecido. Vi algumas pessoas na internet falando que acharam o plágio exagero, mas claramente parte do enredo, a ordem dos acontecimentos, a personalidade dos personagens, até as descrições dos lugares são similares. Poucos detalhes se diferem, mas, enquanto eu lia, sentia que acompanhava praticamente a mesma história.

Claro que A Sucessora se passa no Brasil, enquanto Rebecca é na Inglaterra. Mas ainda assim, a maneira com que as autoras descrevem os cenários, revelando inúmeros detalhes de flores, árvores, as alterações do clima, carregam quase o mesmo significado. Em A Sucessora, Marina é assombrada pela pintura da ex-mulher de seu atual marido, enquanto que em Rebecca a protagonista é intimidada pela caligrafia. Durante toda a narrativa encontramos semelhanças como essas.

Porém, para não tirar o mérito de Daphne du Maurier, a história é bem mais envolvente e o clima de suspense cresce a cada página. Em Rebecca, acompanhamos a protagonista, por volta da meia-idade, narrando os acontecimentos do passado, de quando casou-se com Max de Winter e mudou-se para a incrível propriedade de Manderley. No entanto, o que ela não sabia é que seria aturdida pela memória da ex-mulher de Maxim, Rebecca de Winter, que morreu afogada um ano antes.

Para resumir, vamos à sinopse:

“A heroína de Rebecca – A mulher inesquecível é uma jovem insegura de si. Ao pedi-la em casamento, Max de Winter, um belo e misterioso viúvo rico, altera para sempre o seu destino. O que seria o final feliz é apenas o início de uma trama de enganos assombrada pela memória de Rebecca, a falecida esposa de Max, e pela senhora Danvers, a soturna governanta devotada à antiga patroa. O delicioso romance de Dauphne du Maurier tornou-se um clássico do cinema, ao ser adaptado por Alfred Hitchcock numa produção vencedora do Oscar de Melhor Filme, estrelada por Joan Fontaine e Laurence Olivier.”

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A governanta, senhora Danvers, é uma das personagens mais intrigantes da história. Pela descrição da narradora-protagonista, a mulher é cínica, maldosa e sente prazer em fazer provocações, principalmente nas comparações com Rebecca. Ela é assustadora e tem modos suspeitos, mas age devagar, com pequenos gestos e tramoias que, aos poucos, vai deixando a protagonista cada vez mais enfraquecida psicologicamente.

Inclusive, a nova Senhora de Winter é uma moça bem jovem, imatura, tímida e sem nenhuma autoestima. A insegurança reside em cada palavra, cada sentença do livro. Em alguns momentos senti um misto de raiva e pena da protagonista, que sempre se coloca para baixo, se compara com os outros, nunca se sente feliz ou satisfeita e está sempre assustada com tudo. Sabe quando dá vontade de dar um chacoalhão na pessoa e pedir para ela acordar para a vida? É bem assim.

Resenha: Rebecca - A Mulher Inesquecível - Daphne du Maurier
FOTO: Isabela Zamboni/Resenhas à la Carte

O romance de Daphne Du Maurier é uma intensa viagem por um psicológico abalado de uma moça que precisa urgentemente de ajuda. Ela sente que nunca será uma Rebecca, que nunca vai conquistar o amor do marido como a falecida esposa. Ela é servil, abalada e pouco interessada nos acontecimentos de Manderley.

Mas, para não dizer que a personagem está 100% errada, algumas situações realmente são irritantes, como as visitas constantes à Manderley, pessoas perguntando o tempo pelos famosos bailes que existiam na propriedade, o número de vizinhos intrometidos, o temperamento de todos em volta da protagonista… Isso sem contar as inúmeras regras de etiqueta.

Du Maurier nos faz sentir enjaulados, sufocados junto à narradora, sentindo seus medos e tentando entender certos acontecimentos estranhos que ocorrem na casa. A experiência narrativa é excelente, eu lia cada capítulo já ansiosa pelo próximo.

É a partir da metade do livro, mais ou menos, que a história diverge da trama de A Sucessora. Enquanto o livro de Carolina Nabuco tem um final feliz e a história é um pouco mais leve, a sucessão de acontecimentos em Rebecca são de tirar o fôlego. O clima de tensão aumenta, as reviravoltas também, e o final encerra a história de um jeito ousado e ao mesmo tempo satisfatório.

Só tive um pequeno problema com essa edição brasileira, que adquiri pelo Kindle. Ela apresenta um spoiler gigantesco, mas não vou falar qual, para vocês não se decepcionarem como eu. Editora Amarilys, poxa, por que fazer isso??????????

Bom, de qualquer modo, o livro é um excelente suspense e lembra bastante os filmes de Hitchcock, parece que a obra foi direcionada para ele. Agora já estou louca para assistir ao clássico de 1940! Tem completo no YouTube, para quem tem interesse:

E a Netflix lançou uma nova versão do filme, estrelada por Armie Hammer, Lily James e Kristin Scott Thomas. Veja o trailer:

Se você gosta de bons suspenses, com certeza vai se encantar com esse livro.

E você, já leu Rebecca? O que achou? Me conta nos comentários!

NOTA:

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*Última atualização em 6 de março de 2024

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2 Comentários “Resenha: Rebecca – A Mulher Inesquecível – Daphne du Maurier”
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  1. ulysses rocha filho      25 jun 2023 // 11H35

    que se trata de plágio, ninguém tem dúvida…. mas a origem de todas essas obras é o romance Jane Eyre, da escritora britânica Charlotte Brontë, publicado em 1847….

  2. Antônio Sampaio Dória      18 abr 2023 // 03H05

    Olha, eu gostaria de fazer a mesma coisa que você fez, ler os dois livros e comparar! Sim, aí eu preciso comprá-los primeira Rsrs. Deve ser plágio, sim! No entanto, vc diz que o segundo livro é melhor – acho normal, pois depois que vc leu e absorveu uma história, não é difícil fazer modificações. Estão aí as Fanfics para provar isso. Muito bom, gostei de ler!!