*Atualizado em 25 de março de 2024
Elena Ferrante, a autora italiana mundialmente conhecida por sua Tetralogia Napolitana – que engloba os livros A amiga genial, História do novo sobrenome, História de quem foge e de quem fica e História da menina perdida – divulgou na plataforma Bookshop uma lista de 28 livros escritos por mulheres e que ela recomenda.
A boa notícia é que, dos livros indicados por Ferrante, muitos deles têm tradução para o português. Inclusive, alguns já foram resenhados aqui no blog! Então, bora conferir essa lista imperdível.
28 livros escritos por mulheres que são recomendados por Elena Ferrante
1. O ano do pensamento mágico – Joan Didion
Sem uma gota de autopiedade e com um estilo envolvente e emocionante, Joan Didion narra o período de um ano que se seguiu à morte de seu marido, o também escritor John Gregory Dunne, e a longa doença de sua única filha.
Feito com uma contagiante dose de sinceridade e paixão, O ano do pensamento mágico nos revela uma experiência intensamente pessoal e, ao mesmo tempo, universal. Uma história que falará alto a quem ama ou já amou alguém, com a profundidade que as grandes relações têm, sejam elas entre pais e filhos ou entre companheiros de uma vida.
2. Amada – Toni Morrison
Escrito por Toni Morrison, prêmio Nobel de Literatura de 1993, o romance ganhou o Pulitzer de 1988 e em 2006 foi eleito pelo New York Times a obra de ficção mais importante dos últimos 25 anos nos Estados Unidos.
A história se passa nos anos posteriores ao fim da Guerra Civil, quando a escravidão havia sido abolida nos Estados Unidos. Sethe é uma ex-escrava que, após fugir com os filhos da fazenda em que era mantida cativa, foi refugiar-se na casa da sogra em Cincinnati. No caminho, ela dá à luz um bebê, a menina Denver, que vai acompanhá-la ao longo da história.
Amada tem uma estrutura sinuosa, não-linear: viaja do presente ao passado, alterna pontos de vista, sonda cada uma das facetas que compõem esta história sombria e complexa.
3. Dentes brancos – Zadie Smith
O romance narra a história de dois amigos que se conheceram durante a Segunda Guerra Mundial – o inglês branco Archie Jones e o bengali Samad Iqbal.
O final da guerra os separa, mas eles vão se encontrar em Londres 30 anos depois, onde moram com suas respectivas esposas e filhos. Em comum, os pais têm a dificuldade em lidar com os filhos, que adentram a idade adulta nos conturbados anos 90.
Os pais não sabem o que fazer da nova geração. E a nova geração não sabe o que fazer com a própria vida.
4. O assassino cego – Margaret Atwood
O assassino cego deu à escritora Margaret Atwood o prêmio Booker Prizer 2000 e seu reconhecimento como primeira-dama das Letras. Ao narrar um romance dentro de outro romance, ela recria o Canadá dos anos 30 e 40, mistura segredos de família, ficção científica, interesses políticos, justiça social, mortes, reportagens de jornais e amores impossíveis. Confira a resenha completa.
5. Uma vida pequena – Hanya Yanagihara
Quando quatro amigos de uma pequena faculdade de Massachusetts se mudam para Nova York em busca de uma vida melhor, eles se veem falidos, sem rumo e amparados apenas por sua amizade e por suas ambições.
Willem, lindo e generoso, é aspirante a ator; JB, nascido no Brooklyn, é um pintor perspicaz e às vezes cruel que busca de todas as formas ingressar no mundo das artes; Malcolm é um arquiteto frustrado que trabalha numa empresa de renome; e o solitário, brilhante e enigmático Jude funciona como o centro gravitacional do grupo.
Com uma prosa magnífica e genial, Hanya Yanagihara criou um hino trágico e transcendental do amor fraterno, uma representação magistral da dor física e psicológica, e uma análise da verdade nua e crua que permeia a tirania da memória e os limites da resistência humana.
6. Destinos e fúrias – Lauren Groff
Toda história tem dois lados, e em um casamento essa máxima se faz ainda mais verdadeira. Se em Destinos somos seduzidos pela imagem do casal perfeito, em Fúrias a tempestuosa raiva de Mathilde se revela fervendo sob a superfície.
Em uma reviravolta emocionalmente complexa, o que começou como uma ode a uma união extraordinária se torna muito mais. Com profundidade e um emaranhado de tramas, a prosa vibrante e original de Destinos e fúrias comove, provoca e surpreende.
Um romance sobre os muitos casamentos possíveis entre o amor, a arte e o poder e sobre os diferentes pontos de vista pelos quais essas combinações podem ser enxergadas.
7. Esboço – Rachel Cusk
Uma escritora vai a Atenas ministrar um curso de criação literária. Ela propõe aos alunos exercícios de narrativa, vai a restaurantes com amigos, passeia de barco com um grego que encontra no avião. As pessoas a seu redor falam livremente sobre suas fantasias e desejos, ansiedades, relacionamentos interrompidos, famílias, os dilemas da maternidade, as encruzilhadas profissionais.
8. Gilead – Marilynne Robinson
Gilead é o segundo romance de Marilyne Robinson e vencedor do Prêmio Pulitzer de Literatura de 2005. O personagem central é o reverendo John Ames, já passado dos 70 anos de idade e sabendo que lhe sobra pouco tempo de vida, decide deixar para seu filho, que ainda está para fazer 7 anos, o relato de sua vida por escrito.
Ao narrar os acontecimentos, o reverendo rememora também as vidas de seu pai e seu avô, igualmente religiosos. Gilead é uma declaração de amor incondicional à vida, mesmo assombrada por Deus, e um lamento por sua brevidade.
9. A ilha de Arturo – Elsa Morante
Elsa Morante (1912-1985) costumava dizer que, no fundo, se sentia “um menino”. E afirmou certa vez, parodiando Flaubert, “Arturo sou eu”.
Referia-se ao personagem narrador de A ilha de Arturo – memórias de um garoto, uma assombrosa evocação da infância e da puberdade, que a CARAMBAIA lança com tradução de Roberta Barni.
Figura fundamental e singular da vida intelectual na Itália do pós-guerra, Morante não teve, em vida, o reconhecimento merecido fora de seu país, em parte pela discrição pessoal e em parte pela história de vida.
10. Intérprete de Males – Jhumpa Lahiri
Celebrando vinte anos de lançamento, Intérprete de males continua mais relevante do que nunca, abarcando todas as consequências possíveis de um mundo globalizado.
Jhumpa Lahiri nos toma pela mão e, a cada história, nos apresenta a personagens que se encontram no meio do caminho de um fio condutor identitário: em meio a deslocamentos e realocações, quantas origens e culturas podem habitar uma pessoa?
11. Americanah – Chimamanda Ngozie Adichie
Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos.
Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra. Confira a resenha completa.
12. Léxico familiar – Natalia Ginzburg
Nos anos 1930, como consequência da criação de leis raciais na Europa, inúmeras famílias foram obrigadas a deixar seu lar, tornando-se apátridas ou sendo literalmente destroçadas pela guerra que se seguiu. É nesse cenário que se inscrevem as memórias de Ginzburg.
Nelas, o vocabulário afetivo de um clã de judeus antifascistas se contrapõe a um mundo sombrio, atravessado pelo autoritarismo.
13. Cassandra – Christa Wolf
Prisioneira de Agamenon frente aos portões de Micenas, Cassandra só tem algumas horas de vida antes que os guardas de Clitemnestra cheguem para levá-la. Começa, então, a repassar o que foi sua vida e seu destino.
O monólogo criado pela escritora alemã Christa Wolf, em Cassandra, coloca em cena os conflitos interiores vividos por esta bela e trágica personagem, figura mitológica da Guerra de Tróia.
14. Memórias de Adriano – Marguerite Yourcenar
Uma das mais fascinantes obras do século XX, este livro traz como personagem principal Adriano, o grande imperador romano. Mas não se trata apenas de uma biografia romanceada.
A “grande dama da literatura francesa”, Marguerite Yourcenar, faz uma obra de ficção em que a ambientação física, política, social, cultural e psicológica obedece a um rigoroso processo de reconstituição histórica.
15. Olive Kitteridge – Elizabeth Strout
De uma franqueza quase rude mas afetuosa à sua maneira, Olive Kitteridge, fascinante em toda a sua imperfeição, é a figura inesquecível em torno da qual gravitam as treze histórias que se entrelaçam e compõem este livro da mesma autora de Meu nome é Lucy Barton. Confira a resenha do livro.
16. Acabadora – Michela Murgia
Fenômeno de vendas na Itália, vencedor de prêmios renomados, como o Campiello e o Supermodello, Acabadora narra a história de Maria Listru, uma menina que, num vilarejo na Sardenha, Itália, nos anos 1950, precisa aprender a crescer em meio a segredos e à constante presença da morte.
Nascida em uma família sem condições de sustentá-la, aos seis anos de idade é adotada por Bonaria Urrai, uma mulher mais velha, solitária e de poucas palavras, mas muito respeitada no vilarejo em que vive.
17. Vida querida – Alice Munro
Como nas demais coleções de contos da autora, mestre da forma breve, nos vemos diante de personagens que caminham nas beiradas da existência, arrancadas do cotidiano por golpes incisivos do destino e da loucura.
Mas este Vida querida tem um diferencial que o coloca num nível novo; coroando uma carreira brilhante, a última parte do livro traz as quatro únicas narrativas autobiográficas já publicadas por Munro, que emprega toda a sua habilidade literária para refletir sobre o ato de narrar, a ficção e os temas que regem sua obra: memória, trauma, morte. Vida: vida.
18. A pianista – Elfriede Jelinek
Erika Kohut, concertista frustrada que se limita a dar aulas de piano no Conservatório de Viena. Aos 36 anos, Erika ainda mora na casa da mãe, com quem divide a mesma cama. A relação das duas é, ao mesmo tempo, de dependência e ódio.
No transcorrer do romance, surge entre as duas o pior pesadelo para a mãe: um homem que se apaixona pela filha, Walter Klemmer, estudante de música. A devoção de Klemmer é manipulada por Erika, que faz dessa paixão uma neurótica relação masoquista, enquanto deflagra uma guerra doméstica contra a mãe.
19. Pessoas normais – Sally Rooney
Uma história única e envolvente sobre dois jovens que devem enfrentar a eletricidade do primeiro amor em meio às sutilezas das classes sociais e dos problemas familiares. Sally Rooney é a voz da geração millennial. Confira a resenha completa.
20. Arquivo das crianças perdidas – Valeria Luiselli
Uma família viaja de carro de Nova York para o Arizona durante as férias de verão, com o objetivo de chegar até a terra dos Apaches.
No carro, eles passam o tempo como podem, com jogos e música, mas no rádio a notícia da “crise da imigração” não para de aparecer. Centenas de crianças cruzam a fronteira do México para os Estados Unidos só para serem presas do outro lado ― ou pior, ficarem perdidas no deserto.
21. Manual da Faxineira – Lucia Berlin
Com a bravura de Raymond Carver, o humor de Grace Paley e uma mistura de inteligência e melancolia, Berlin retrata milagres da vida cotidiana, desvendando momentos de graça em lavanderias, clínicas de desintoxicação e residências de classe alta da Bay Area.
22. Os anos – Annie Ernaux
Os anos é uma meditação filosófica poderosa e uma saborosa crônica de seu tempo. Pela prosa original de Ernaux, vemos passar seis décadas de acontecimentos, entre eles a Guerra da Argélia, a revolução dos costumes, o nascimento da sociedade de consumo, a virada do milênio, o 11 de Setembro e as inovações tecnológicas, signo sob o qual vivemos até hoje.
23. Maternidade – Sheila Heti
Numa narrativa que se estende ao longo de muitos anos, moldada a partir de conversas com seus pares e seu parceiro e de sua relação com os pais, ela se vê em um embate para fazer uma escolha sábia e coerente.
Depois de buscar ajuda na filosofia, no próprio corpo, no misticismo e no acaso, ela descobre a resposta num lugar bem mais familiar do que imaginaria. Confira a resenha completa.
24. O amante – Marguerite Duras
O amante, escrito em 1984, recebeu o Prêmio Goncourt, o mais importante da literatura francesa e se consagrou como sua obra mais célebre. O romance narra um episódio da adolescência de Duras: sua iniciação sexual, aos quinze anos e meio, com um chinês rico de Saigon.
25. Um homem bom é difícil de encontrar – Flannery O’Connor
A realidade decadente do Sul dos Estados Unidos se mescla a personagens grotescos, responsáveis por desnudarem a redenção e a perdição de figuras que, se julgadas pelas aparências, confundiriam nosso juízo e revelariam nossos preconceitos.
“Flannery O’Connor mostra de forma honesta e profundamente sensível sua compreensão do estrangeiro, do excluído, do Outro.“, comenta Toni Morrison.
26. O deus das pequenas coisas – Arundhati Roy
Essa história começa no estado de Kerala, no Sul da Índia, onde coabitam grandes fés: cristianismo, hinduísmo, islamismo e marxismo. Ali, em 1969, na estrada para Cotchim, um Plymouth azul fica retido no meio de uma manifestação de trabalhadores. No carro estão os gêmeos Rahel e Estha, então com sete anos – e assim começa sua história.
Os dois crescem entre caldeirões de geléia de banana e pilhas de grãos de pimenta, na fábrica da avó cega. Armados da inocência invencível das crianças, tentam inventar uma infância à sombra da ruína que é sua família – a mãe, a solitária e adorável Ammu, o delicioso tio Chacho, a inimiga Baby Kochamma e o fantasma de uma mariposa que um dia pertenceu a um entomologista imperial.
Rahel e Estha descobrem que as coisas podem mudar num só dia, que as vidas podem ter seu rumo alterado e assumir novas – e feias – formas. Descobrem que elas podem até cessar para sempre.
27. A paixão segundo G. H. – Clarice Lispector
Considerado por muitos o grande livro de Clarice Lispector, A paixão segundo G.H. tem um enredo banal. Depois de despedir a empregada, uma mulher vai fazer uma faxina no quarto de serviço. Mal começa a limpeza, depara com uma barata.
Tomada pelo nojo, ela esmaga o inseto contra a porta de um armário. Depois, numa espécie bárbara de ascese, decide provar da barata morta.
28. A devolvida – Donatella Di Pietrantonio
Aos 13 anos, a narradora desta novela é tirada da família que até então considerava sua para viver com seus parentes de sangue.
Pega de surpresa, ela encontra um grupo grande de e caótico de pessoas que parecem fazer tudo, menos acolhê-la. Assim começa sua nova vida, marcada por sofrimento, tensão e conflito, especialmente entre ela e sua mãe.
Entretanto, é no carinho de dois de seus irmãos, Adriana e Vincenzo, que ela encontrará força para entender o que aconteceu e, assim, poder recomeçar.
Como alguns livros não têm tradução para o português, resolvi deixar fora da lista. Clique aqui e confira a lista completa de livros escritos por mulheres que são recomendados por Elena Ferrante.
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Melissa Ladeia Schiewaldt é jornalista, especialista em Marketing Digital e tem MBA em Gestão de Projetos.