Resenhar um livro de poesias é um desafio para mim. Foram poucas vezes na minha vida de leitora que me deparei com versos; gosto mais de prosa, narrativa, personagens. Porém, o que seria da vida sem dificuldades e novas experiências? Foi pensando nisso que escolhi o livro Caligrafia Silenciosa, do autor romeno George Popescu.
George Popescu nasceu na Romênia em 1948, é poeta, crítico e tradutor. É formado em filologia e faz parte da União Romena dos Escritores. Quando comecei ler seus poemas – separados em duas partes pelo organizador – e também poeta Marco Lucchesi – consegui sentir algo bem forte. As palavras são bem intensas, as estrofes nos fazem perder horas pensando. E é justamente esse o intuito da poesia, não é mesmo? Transformar sentimentos em palavras.
O primeiro bloco do livro Caligrafia Silenciosa foi escrito entre a Itália e a Romênia, de 2002 a 2005; e a segunda parte, “Ars Moriendi”, foi concebido por George Popescu a partir de uma viagem ao Rio de Janeiro e a São Paulo, em 2005, para uma série de conferências literárias.
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Segundo o autor, a poesia é “a divisão silábica das coisas vividas”. Não poderia concordar mais. Como escrever com intensidade e paixão sem vivência? Ao virar as páginas, conseguimos entrar na pele de Popescu, vivenciar aqueles momentos da mesma forma que ele deve ter experimentado.
“A vida? Um resto de fotografia com rastros de vento enlameado (p.35)”
Eu gostei bastante da primeira parte do livro. Os poemas de Caligrafia Silenciosa são bastante contemplativos, parece que estamos acompanhando a trajetória de uma pessoa que deseja se despedir desse mundo. Mas o mais interessante é que ele mostra seu desejo pela morte não de uma forma triste ou melancólica; mas sim como um esforço de valorizar a vida, de mostrá-la na sua forma mais crua e perfeita.
“A morte chega e vai-se embora:
detém-se aqui como num breve refúgio –
ela também mortal por algumas horas
se abeira intermitente e vai-se embora
volta e se demora conosco
para medir este ou aquele
quem briga com os vizinhos
quem não pagou o imposto de renda
desta vida tão miserável… “(p.32-33)
Outro fator interessante do livro é que ele faz parte da coleção “Espelho do Mundo”, da Editora Rocco. Por conta disso, a diagramação funciona como um espelho: na página da direita lemos a tradução, na esquerda a poesia original em romeno. Achei a escolha bem pertinente e deu um charme a mais à edição.
Sem mais delongas, só tenho a dizer que foi um livro que me surpreendeu. Não esperava muita coisa, mas tornou-se uma leitura prazerosa. Hora de começar a descobrir mais obras poéticas!
*Esse produto foi um brinde, porém, as informações contidas nesse post expressam as ideias da autora.
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*Última atualização em 27 de outubro de 2020
Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos