Resenhas  |  10.07.2015

Resenha: Grandes Esperanças – Charles Dickens

Provavelmente você já ouviu falar de David Copperfield, Oliver Twist e obviamente, daquela história de Natal dos fantasmas do passado… Uma Canção de Natal. E de Grandes Esperanças? Todas obras do mesmo brilhante autor: Charles Dickens. E se você nunca leu nenhum trabalho dele, pode começar agora!

Livros da Era Vitoriana que você precisa conhecer - grandes esperanças
FOTO: Isabela Zamboni | Resenhas à la Carte

Nascido em Portsmouth, Inglaterra, Dickens é um dos autores mais importantes da literatura britânica e mundial. Escreveu suas obras durante o período vitoriano, entre 1812 e 1870. Uma curiosidade é que poucos autores se tornaram conhecidos em vida, mas Dickens foi um deles. Fez sua fama em vida, que perdura até hoje, 144 anos após sua morte. Com seu estilo poético, Dickens é leitura obrigatória para os amantes da literatura.

Grandes Esperanças, escrito em 1860, revela uma fase mais madura do autor, que com maestria descreve a vida do personagem Pip (Philip Pirip) em três partes: sua infância penosa; a descoberta da vida adulta; e o desenrolar de suas grandes esperanças.

Na primeira fase do livro, somos apresentados a um dos personagens mais interessantes da história: Joe, o marido da irmã de Pip. Em um misto de tristeza e companheirismo, Pip é apegado a Joe, ao mesmo tempo em que sente vontade de fugir daquela vida tenebrosa que leva no charco.

Após alguns anos, quando Pip consegue sair de casa com a ajuda de um benfeitor que resolve manter sua identidade em segredo, começa enfrentar as dificuldades da vida em Londres, um novo mundo que nasce à sua volta. E quando finalmente conhece o benfeitor que o tirou daquela vida de pobreza, a vida de Pip se transforma completamente: agora ele precisará lidar com novos problemas, se afastando cada vez mais de seus sonhos e suas grandes esperanças.

Não vou revelar muitas partes da história para não perder a graça. A parte 1 é interessantíssima e faz você querer ler mais e mais. A segunda parte já é um pouco mais complicada, por ser mais descritiva e introspectiva, mostrando minuciosidades da vida do protagonista. Já a terceira parte é quando o livro engata e nos faz sentir uma mistura de raiva e empatia pelo jovem Pip, que acompanhamos desde os sete anos de idade e que agora se encaminha para os 25 anos.

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O mais interessante em Dickens é a linguagem que este utiliza. Longe de uma literatura piegas, ele traz uma abordagem bem diferente das tramas “água com açúcar” dos romances atuais. A sucessão dos acontecimentos não é o mais importante; dificilmente você encontrará sequências de ação.

O desenvolvimento do personagem é a principal questão e qualidade de “Grandes Esperanças”. Com um vocabulário bem diversificado (é necessário um dicionário ao lado ou ler o tempo todo as notas de rodapé), a leitura é rica, principalmente pelas inúmeras citações e alusões a outros autores e obras, desde livros até peças de teatro.

A edição que eu li da Penguin é excelente, pois contém uma lista extensa de referências e explicações de diversas passagens do livro.

Por mais que pareça que os eventos demoram para acontecer, o mistério criado em volta dos personagens é magnífico: te faz querer ler mais e mais, conhecer a fundo aquelas pessoas misteriosas e, claro, desvendar o principal mistério do livro: quem é, afinal, o benfeitor de Pip? Quem o ajudou a buscar suas grandes esperanças?

Os questionamentos do personagem em relação a seu passado, seu comportamento arrogante e suas crises de consciência são recorrentes. Pip vive em uma eterna indecisão e intensa tristeza, principalmente em relação à mulher que ama: a belíssima Estella, jovem que conheceu na infância e por quem nutre um amor infantil até a vida adulta.

Sem mais delongas, deixo o prazer da leitura para vocês. Leiam Grandes Esperanças! Quando terminei o livro, fiquei com aquele vazio. Nenhum autor me comovia, nenhum outro livro me dava prazer em ler. Acho que vale o esforço.

NOTA

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*Última atualização em 11 de março de 2024

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1 Comentário “Resenha: Grandes Esperanças – Charles Dickens”
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  1. Fernanda Villas Bôas      10 jul 2015 // 06H57

    Eu adoro Charles Dickens e, sobretudo, Grandes Esperanças. É um livro fantástico, a narrativa é impecável! E ele teve uma vida extraordinária, sempre acreditou no poder libertador do teatro e da literatura. Vida longa ao Resenhas a La Carte, ficou show! =)