*Atualizado em 18 de março de 2024
Comecei Minha Noite no Século Vinte e Outros Pequenos Avanços no intervalo de uma faxina (realidades de dona de casa, haha), e terminei borbulhando de ideias e questionamentos.
“Por que escrever um romance se ele fosse oferecer mais ou menos a mesma experiência que alguém poderia ter ao ligar a televisão? Como a ficção escrita poderia ter chances de sobreviver diante do poder do cinema e da televisão não oferecesse algo único, algo que as outras formas não eram capazes de realizar?” (p.30)
O livro foi baseado no discurso de Kazuo Ishiguro ao vencer o Prêmio Nobel de Literatura em 2017. Assim como Faça Boa Arte, de Neil Gaiman – feito a partir de um discurso para formandos. Esses livros sempre são uma fonte rápida de inspiração, além de um verdadeiro ode à escrita.
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Em Minha Noite no Século Vinte e Outros Pequenos Avanços, o autor comenta sobre como encontrou sua “voz literária” e como ela foi responsável por deixar viva a memória de um Japão pós-guerra que o autor acreditava ter ficado vivo apenas em seu imaginário.
“[…] o Japão que existia na minha cabeça fora um constructo emocional montado por uma criança a partir da memória, da imaginação e da especulação. E, talvez, mais significante ainda, fosse o fato de perceber que, a cada ano que se passava, esse meu Japão – esse lugar precioso com qual cresci – ficava cada vez mais fraco.” (p. 27)
Mas, é claro: ninguém nasce um autor premiado e vencedor de um Nobel. Para chegar até lá, Ishiguro contou com a ajuda de mentores, rascunhou muito, e também duvidou muito de sua própria capacidade de contar histórias.
“Mas, no futuro, o que realmente queria fazer era escrever uma história sobre como uma nação ou uma comunidade enfrentava as mesmas questões. Uma nação se lembra ou se esquece da mesma maneira que um indivíduo? Ou há diferenças importantes? O que, exatamente, são as memórias de uma nação? Onde são guardadas? Como são moldadas e controladas? Há vezes em que esquecer é o único jeito de interromper ciclos de violência, ou de impedir uma sociedade de se desintegrar em caos e guerra? Por outro lado, poderiam nações estáveis e livres serem realmente erguidas sobre pilares de amnésia proposital e justiça frustrada?” (p. 42)
Em seu discurso, o autor passa rapidamente pela infância como imigrante japonês na Inglaterra – mesmo pouco tempo depois da Grande Guerra ter acabado. Comenta sobre a adolescência e os primeiros “rabiscos” como autor, sobre a entrega que a literatura exige, mas, acima de tudo, inspira através de seu exemplo.
Confira abaixo algumas frases de destaque do livro:
“[…] é essencialmente isso de que se trata o meu trabalho. Uma pessoa escrevendo em um quarto silencioso, tentando se conectar com outra pessoa que lê em outro quarto silencioso – ou não tão silencioso assim.”p. 49
“A boa escrita e a boa leitura romperão barreiras.” p. 57.
Minha Noite no Século Vinte e Outros Pequenos Avanços é um ótimo livro para quem quer se aventurar na área da escrita criativa, além de mostrar a faceta mais humana de Ishiguro.
E você? Já leu? Me conta através dos comentários!
Nota:
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Melissa Ladeia Schiewaldt é jornalista, especialista em Marketing Digital e tem MBA em Gestão de Projetos.