*Atualizado em 8 de março de 2024
Quando comecei a ler Senhor das Moscas, nem imaginava o rumo que a história iria tomar. O livro de William Golding foi uma ótima surpresa, com um final tão intenso que valeu pela obra inteira.
Publicado originalmente em 1954, Senhor das Moscas tornou-se um dos romances essenciais da literatura mundial. O enredo é bem simples: durante a Segunda Guerra Mundial, um avião cai numa ilha deserta, e seus únicos sobreviventes são um grupo de meninos britânicos em idade escolar.
“Eles descobrem os encantos desse refúgio tropical e, liderados pelo protagonista Ralph, procuram se organizar enquanto esperam um possível resgate. Mas, aos poucos, esses garotos ‘inocentes’ transformam a ilha numa disputa pelo poder, e sua selvageria rasga a fina superfície da civilidade, que mantinham como uma lembrança remota da vida em sociedade”, como aponta a sinopse.
No começo, a história demora a se desenvolver: são apenas meninos empolgados que estão longe dos adultos e podem brincar como quiserem na ilha. Estão livres, apenas curtindo a praia e a suposta aventura. Confesso que o começo é difícil de engatar, porque a trama se desenrola lentamente. Porém, se você passa do comecinho, não vai mais querer parar a leitura.
O protagonista Ralph vive um embate: ao mesmo tempo em que é escolhido como líder dos garotos, também sente dificuldade em ser respeitado e ouvido. Ele tenta, com a ajuda de Porquinho – um garoto gordinho asmático que sofre bullying dos outros meninos – acender uma fogueira para que a fumaça chame a atenção de navios que possam resgatá-los. No entanto, o interesse em trabalhar, manter acesa a fogueira e construir refúgios é diminuída pela presença de outro garoto, o antagonista: Jack, o caçador.
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Jack não aceita que Ralph é líder e, mesmo que em um primeiro momento ambos sejam amigos próximos, a rivalidade entre os dois só cresce. Jack não quer fazer nada além de caçar e convence outros garotos a seguirem suas ordens, segregando a turma.
Não vou entrar em detalhes para não dar spoiler, mas acredite: esse livro vai te deixar em agonia. Não conseguia ler sem sentir um mal-estar: alguns acontecimentos são pesados e mexeram bastante com meu psicológico. A violência e a maldade que se instauram na ilha são sem precedentes, e, ao mostrar a natureza do mal e a linha tênue entre a barbárie e a civilidade, fica difícil de ser otimista com relação aos humanos vivendo em sociedade.
A história de Golding é eletrizante e traz muita reflexão. A cada segundo paramos para nos perguntar o que faríamos naquela mesma situação.
Ao mesmo tempo, a narrativa do autor é fenomenal: em determinados momentos, são descrições tão intensas e líricas, que a leitura é elevada a outro nível; uma poética forte e densa dentro de um ritmo frenético.
Recomendo bastante a leitura de Senhor das Moscas e posso afirmar que já entrou pra listinha dos livros favoritos da vida! <3
Nota:
Isabela Zamboni Moschin é jornalista, especialista em Língua Portuguesa e Literatura e mestre em Mídia e Tecnologia. Adora café, livros, séries e filmes. Atualmente, trabalha como Analista de Conteúdo na Toro Investimentos